Anatel diz que operação vai passar por rito normal
O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, disse ontem que a operação de compra da GVT pela Telefónica ainda não foi protocolada na reguladora, mas que, quando for, terá de aguardar o rito normal de apreciação das áreas competentes e que não será dada qualquer tipo de prioridade. "Não temos um prazo definido para fazer essa análise", disse.
O executivo destacou que a Superintendência de Competição da Anatel terá de verificar as condições da negociação, trocas de ações envolvidas e todos os demais detalhes que podem definir possíveis impactos da operação no setor.
Com a operação, a francesa Vivendi, que antes atuava apenas por meio da GVT no mercado brasileiro, terá participação indireta também na Vivo e na TIM, já que ela assumirá fatia na Telefónica e na Telecom Itália, controladora das operadoras, como pagamento pela venda da subsidiária brasileira.
Folhapress
A espanhola Telefónica, dona da Vivo, anunciou ontem a finalização da compra da operadora GVT, em um negócio avaliado em 7,2 bilhões de euros (cerca de R$ 22 bilhões). Com isso, a empresa espanhola de telecomunicações se transforma na segunda maior operadora de banda larga do país, com 30% do mercado, superando a Oi e perdendo apenas para a Claro (América Móvil, que detém 31,8% do mercado).
Na telefonia fixa, a união com a GVT também fará com que a Telefónica conquiste a vice-liderança do setor: ela ultrapassa a Embratel e fica em segundo lugar, atrás da Oi, com 33,7%.
Pelo acordo firmado com a francesa Vivendi, dona da GVT, a Telefónica pagará 4,663 bilhões de euros em dinheiro. O restante será pago em ações: 12% do capital social da Telefónica Brasil após a integração com a GVT (avaliado em quase 2 bilhões de euros) e 1,1 bilhão de ações da Telecom Italia, dona da TIM, detidas pela Telefónica e que representam 5,7% do capital social da operadora italiana.
A operação estava sendo negociada desde 29 de agosto e a expectativa é que ela seja concluída até o final do primeiro semestre de 2015. A estimativa é que a fusão de Vivo e GVT leve a uma economia de pelo menos 4,7 bilhões de euros em custos no Brasil.
Cade
O negócio precisa ainda ser aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas não deve haver maiores problemas, segundo apurou a reportagem.
Como a GVT não atua em telefonia móvel e a Telefônica compete em banda larga e em telefonia fixa apenas em São Paulo, onde a GVT começou a operar há pouco tempo, eventuais problemas concorrenciais seriam pequenos. Procurado, o Cade afirmou que não vai se pronunciar antes da notificação oficial da operação.
Ao transferir para a GVT sua participação na TIM, a Telefónica atende a uma exigência do Cade, que no ano passado determinou que a empresa espanhola deveria abrir mão de sua fatia na operadora italiana. A maior preocupação do órgão agora, segundo fontes próximas, é em relação à nova posição da francesa Vivendi no mercado brasileiro. A empresa, que antes atuava apenas por meio da GVT no país, sairá dessa negociação com uma participação indireta na Vivo e na TIM.
Para a Vivendi, a venda da GVT coroa uma tumultuada revisão de dois anos, em que vendeu três negócios de telecomunicações e seu braço de videogames para pagar dívida e se concentrar mais em mídia e conteúdo, como parte de uma estratégia defendida pelo presidente do Conselho da companhia, Vincent Bolloré.
Parte da busca da Vivendi por conteúdo vai se dar na Itália devido à sua nova participação na Telecom Italia na sequência da venda da GVT.
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