Em um contra-ataque para evitar a entrada de um novo concorrente, a Telefônica fará uma oferta pública para comprar a GVT. A subsidiária brasileira do grupo espanhol se dispôs a pagar 48 reais por ação da GVT, 14,3 por cento acima do que a francesa Vivendi tinha acertado com os controladores da empresa-alvo em meados de setembro.
A Telefônica informou nesta quarta-feira que seu Conselho de Administração aprovou o lançamento de uma oferta pública voluntária para aquisição de até 100 por cento das ações de emissão da GVT pelo preço de 48 por ação, com pagamento em dinheiro.
Se todos os acionistas da GVT se desfizerem de suas ações, o negócio representará um investimento total de cerca de 6,5 bilhões de reais pela Telefônica.
O leilão de compra das ações da GVT está marcado para 19 de novembro na Bovespa, com início às 15h. Os acionistas da GVT que desejarem vender seus papéis deverão habilitar-se no dia útil anterior junto a qualquer corretora autorizada.
Às 13h25, as ações da GVT disparavam 14,77 por cento na Bovespa, para 46,94 reais, aproximando-se do preço apresentado pela Telefônica, cujas ações na bolsa paulista apresentavam queda de 1,06 por cento, a 43,94 reais. O Ibovespa tinha baixa de 0,3 por cento.
"A Telesp (Telefônica SP) entende que a conjugação das suas operações e da GVT apresenta uma lógica estratégica bastante atraente para ambas as companhias", informou a empresa em fato relevante.
Em 8 de setembro, os controladores da GVT acertaram a venda da companhia para o grupo francês Vivendi, que se dispôs a pagar 42 reais por ação da empresa brasileira de telecomunicações, um negócio de 5,4 bilhões de reais.
Analistas acreditavam que poderiam surgir ofertas rivais e citavam a Telefónica como provável candidata.
Segundo a Telefônica, as operações da GVT "apresentam um encaixe geográfico perfeito com as operações", garantindo "a ampliação da concorrência no mercado de telecomunicações em âmbito nacional".
A oferta pública lançada pela Telefônica está sujeita à compra de ações que garantam o controle da GVT e aprovação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ao negócio sem restrições.
Procurada pela Reuters, a francesa Vivendi disse que não comentaria o assunto.
A GVT informou, por meio da assessoria de imprensa, que tomou conhecimento da oferta da Telefônica pelo fato relevante encaminhado pela empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os controladores da GVT irão analisar a proposta e se posicionar, mas não foi estimado um prazo para que isso aconteça.
A GVT foi constituída em setembro de 1999, com sede em Curitiba (PR). A empresa encerrou junho com cerca de 2,3 milhões de linhas em serviço, incluindo voz, banda larga, dados e serviços de voz sobre Protocolo de Internet (VoIP, na sigla em inglês).