O presidente da Telefônica/Vivo, Antonio Carlos Valente, disse nesta terça-feira que as operadoras estão interessadas no leilão de 700 MHZ da Internet de quarta geração (4G) previsto pelo governo para 2014, mas que ainda é necessário analisar o tempo necessário para que essas frequências, hoje ocupadas pelos canais da TV aberta analógica, sejam liberadas. "Espectro é fundamental para todos os operadores móveis em qualquer parte do mundo. As aplicações estão crescendo, assim como o número de usuários", disse Valente a jornalistas durante o Futurecom, evento de telecomunicações que ocorre no Rio de Janeiro. "O que precisamos considerar é que esse espectro tem que estar disponível para o uso, e em muitas cidades vai precisar muito tempo para que eles estejam disponíveis", disse, citando como exemplo as cidades de Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo o executivo, começam a surgir no mercado novas tecnologias que aproveitam frequências já utilizadas pelas operadoras. "O reaproveitamento de frequências tem acontecido em outras partes do mundo, e certamente vai acontecer no Brasil", disse. "O que estamos tendo é uma cautela para saber exatamente qual espectro vai estar à disposição das operadoras, em termos de uso efetivo, para que a gente possa se manifestar", disse, ao acrescentar que a prioridade da empresa neste momento é cumprir os compromissos firmados no leilão de 4G com a frequência 2,5 GHZ, realizado no ano passado. Marco Civil Valente pediu mais tempo para o setor debater o projeto do Marco Civil da Internet, espécie de constituição da web que está sendo discutida no Congresso. "Acho que um dos pontos que houve concordância é que precisamos discutir mais esse tema. Até pela própria diferença de entendimento que existe em relação a certas disposições", disse. A presidente Dilma Rousseff pediu em setembro regime de urgência para a votação do projeto cujo relator é o deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ), após as denúncias de espionagem norte-americana contra empresas e autoridades brasileiras. Um dos temas debatidos no projeto é a garantia de neutralidade da rede, cujo significado é interpretado de forma diferente pelas empresas de telecomunicações e por ativistas que defendem a liberdade da rede. "Algumas pessoas falam sobre o mesmo artigo e têm entendimentos diferentes. Isso para mim é um sinal de que precisamos pacificar o entendimento", disse. "A gente precisa ter neutralidade, não podemos criar restrições, mas não podemos impedir propostas desejadas pelas próprias pessoas" completou. A neutralidade da rede é o princípio segundo o qual as empresas que garantem a infraestrutura da Internet não podem interferir em seu conteúdo.
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