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Papel e celulose

Telêmaco Borba se prepara para expansão da Klabin

O crescimento da população e da economia segue a passos lentos no Brasil, mas não em Telêmaco Borba (Campos Gerais), plantada há quatro décadas no meio das florestas da indústria papeleira Klabin. Telêmaco seguia o ritmo nacional até um ano atrás. O parque de fábricas de móveis e lâminas – instalado para aproveitar a madeira excedente da Klabin – perdia renda nas exportações, por causa do dólar baixo, e reduzia sua atividade. O comércio previa um ano fraco e a população temia o desemprego. Porém outros ventos sopram na Fazenda Monte Alegre, que cerca a cidade. O anúncio da expansão da fábrica da Klabin, em janeiro de 2006, e a confirmação do projeto, em agosto, salvaram o ano.

O setor imobiliário e o de serviços não faziam tanto dinheiro há mais de uma década. A oferta de vagas levou até quem já tinha guardado a carteira de trabalho na gaveta de volta às filas de emprego. O município espera receber 5 mil novos habitantes em dois anos, o que deve elevar em 7,6% a população local. Nas ruas de Telêmaco só se fala de valores pra lá de altos. Os R$ 2,2 bilhões que estão sendo investidos na expansão da Klabin – R$ 1,74 bilhão proveniente do quinto maior empréstimo já aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – correspondem a R$ 33,8 mil por morador.

O município de 65 mil habitantes tem 95,3% da população na zona urbana e experimenta pela primeira vez engarrafamentos diários. Os motoristas são funcionários de empreiteiras que estão construindo as novas instalações da Klabin. Ou ainda pedreiros, carpinteiros, soldadores e auxiliares, com a pressa de quem recuperou seu lugar no mercado de trabalho. As ruas de poucos semáforos recebem mais carros, motos e bicicletas do que nunca.

Na prefeitura de Telêmaco não há pagamentos atrasados e a arrecadação deve crescer 30% até 2010, segundo avaliação do secretário de Finanças, Waldomiro Bereza. O prefeito Eros Danilo Araújo, no entanto, se mostra preocupado. Ele tenta dar conta da responsabilidade de preparar a cidade para seu novo ciclo e incentivar atividades que possam manter ocupados os trabalhadores que forem dispensados após a expansão da Klabin.

As obras na empresa devem levar mais um ano e meio. A fase mais movimentada será entre abril e outubro deste ano, quando 4,5 mil pessoas devem trabalhar no projeto. Depois, vão restar cerca de 250 empregos nas novas instalações e 700 nas florestas. Ou seja, 3,5 mil pessoas (e seus dependentes) terão de ser relocadas. A maior parte desses trabalhadores deve voltar para sua cidade de origem. Mas os demais, incluindo quem não tem trabalho garantido mas resolveu testar a sorte mudando-se para a cidade, devem ficar na região.

Entretanto, apenas cerca de 10% do orçamento municipal de R$ 55 milhões anuais podem ser destinados para investimentos, afirma o prefeito. São R$ 5 milhões diante de um quadro ainda sem dimensões bem definidas. Podem faltar leitos em hospitais, espaço nas escolas, vagas nas creches, prevê. Araújo conta que, para a efervescência econômica não se transformar em caos, o município está buscando ajuda do governo estadual, do federal e da própria Klabin. "Por enquanto, todos têm se mostrado acessíveis."

A dose tranqüilizante vem da própria Klabin, que prevê ampliação da atividade florestal e papeleira no Hemisfério Sul. A expansão da indústria de Telêmaco – a maior das 18 unidades da empresa – segue essa tendência, afirma o diretor do projeto, Francisco Razzolini.

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