O presidente interino, Michel Temer, planeja enviar a reforma da Previdência ao Congresso “assim que estiverem concluídas as negociações” e não pretende esperar as eleições municipais de outubro. “Não quero praticar estelionato eleitoral, então, não vou esperar passar a eleição. Se ficar pronta, mando antes”, disse ele em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada nesta sexta-feira (12).
Temer reiterou que pretende reduzir a diferença entre as regras de acesso para homens e mulheres. Hoje, de forma geral, elas conseguem se aposentar cinco anos mais cedo. Para o presidente interino, essa distância pode diminuir para três anos.
“Eu sou favorável [à mulher se aposentar mais cedo], não que a mulher tenha menos vitalidade. Sabidamente as mulheres hoje vivem mais que os homens, mas tem essa coisa da dupla, tríplice jornada”, disse. “Na minha cabeça, tem que haver uma pequena diferença, se o homem se aposenta com 65, a mulher pode se aposentar com 62.”
Luta feroz
O presidente interino, que antes dizia planejar uma reforma que tivesse apoio das centrais sindicais, reconheceu que não terá esse suporte. “As centrais vão acabar não apoiando, seja qual for a reforma. Vamos mandar ao Congresso e ver o que acontece”, disse.
Segundo ele, a tentativa de aprovar a reforma “vai ser uma luta feroz”, “uma das batalhas” após o eventual impeachment de Dilma Rousseff.
Privatizações
Questionado sobre o programa de privatizações, o Temer afirmou que divulgará no próximo dia 25 uma lista de empresas que serão desestatizadas. Ele adiantou que serão quatro companhias do setor elétrico, entre elas as de Goiás e Amazonas, mas que a Eletrobras está fora da lista.
“Eu pretendo desestatizar muita coisa, porque o Estado brasileiro não pode suportar tudo isso, já não cumpre bem seu papel na saúde, na educação”, afirmou.
Câmbio
Na entrevista, o presidente interino reconheceu que a desvalorização do dólar, negociado abaixo de R$ 3,20 nos últimos dias, é uma preocupação. Ele contou ter recebido nesta semana um grupo de 15 empresários e banqueiros e que esse foi um dos temas debatidos. “A conclusão é que temos que manter um certo equilíbrio. Nem pode ter o dólar num patamar elevado, nem um dólar derretido”, disse Temer.
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