Comunicada de que havia irritado o vice-presidente ao deixá-lo de fora das tratativas sobre a recriação da CPMF, a presidente Dilma Rousseff telefonou nesta quinta-feira (27) para Michel Temer e pediu ajuda para defender a volta do imposto.
O vice, porém, criticou a proposta e disse que não faria “absolutamente nada” para levar a ideia adiante.
Segundo a reportagem apurou, a conversa foi bastante dura e classificada por aliados como “o primeiro embate direto” entre Dilma e Temer. Até agora, os dois mantinham uma relação distante, mas cordial.
A discussão sobre a volta do tributo sobre transações financeiras, extinto em 2007 e agora visto pela equipe econômica do governo como essencial para equilibrar as contas públicas, pegou Temer de surpresa.
Em viagem a São Paulo, o vice afirmou na manhã de quinta (27) que o tema era só “um burburinho”, sem saber que Dilma estava reunida no Palácio da Alvorada com os ministros de sua equipe econômica e Arthur Chioro (Saúde) para discutir a real viabilidade de recriar o imposto.
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Da alíquota em 0,38% a ser cobrada, 0,35% iriam para o governo federal, 0,02% para estados e 0,01% para municípios
Leia a matéria completaReação
A reação dos peemedebistas ligados ao vice foi imediata. Deputados e senadores afirmam que se o PMDB precisava de algo concreto para se afastar do governo encontrou: a CPMF.
Segundo a assessoria do vice-presidente, porém, Temer nega que não vá colaborar com o governo. Durante a conversa, o vice fez uma avaliação das dificuldades que a matéria enfrentará no Congresso Nacional e deu sugestões que a presidente acatou e vai tentar colocar em prática para tentar diminuir essas resistências.
Em nenhum momento, diz a assessoria, houve um embate ou discussão entre os dois.
Susto
A repercussão negativa do principal aliado, além de políticos e empresários que se opõem à recriação do tributo, assustou integrantes do governo.
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Leia a matéria completaNo Palácio do Planalto há quem defenda enviar a recriação da CPMF ao Congresso na segunda-feira (31), junto com a proposta Orçamentária para 2016. Ministros do núcleo político do governo, no entanto, ainda tentam dissuadir a equipe econômica. O martelo será batido até domingo (30).
Na noite desta terça, Temer se reuniu com empresários em jantar na Fiesp e disse que quer ser o “advogado” do setor produtivo na superação da crise.
Durante o encontro, ouviu críticas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e, segundo relatos, não fez nenhum defesa enfática da presidente.
Nesta sexta (28), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ironizou a proposta do governo : “Acho que o governo pode unir o PMDB novamente com a nova CPMF. Todos contra: eu, Michel Temer e Renan Calheiros [presidente do Senado]”.
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