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Mercado financeiro

Temores com Previdência fazem Bolsa cair quase 4%

 | MIGUEL SCHINCARIOLAFP
(Foto: MIGUEL SCHINCARIOLAFP)

A Bolsa brasileira recuou quase 4% nesta quarta-feira (6), no pior pregão deste a paralisação dos caminhoneiros, em meio a discursos cruzados no governo a respeito da tramitação da reforma da Previdência e em dia de maior aversão a risco no exterior. 

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas por aqui, afastou-se do alvo de 100 mil ao perder 3,74%. Foi a pior queda desde 28 de maio de 2018, quando o país se via paralisado em meio ao movimento de caminhoneiros e o índice perdeu 4,49%. 

O dólar comercial fechou em alta de 1,06% ante o real, cotado a R$ 3,706, acompanhando também apreensões generalizadas com uma eventual nova paralisação do governo americano. 

 O mercado gostou na terça-feira (5) das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o governo busca uma proposta que pode economizar pelo menos R$ 1 trilhão em dez anos, enquanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o Congresso pode aprovar o texto até maio. 

 Maia afirmou, no entanto, que a tramitação seguirá o rito normal, dissipando esperanças de maior celeridade do texto. 

 Já Guedes reforçou que a palavra final será de Bolsonaro, que ainda se recupera da cirurgia em São Paulo, sem previsão de alta. 

 Indefinições sobre o projeto também incomodam partidos alinhados à pauta na Câmara, e, neste pregão, o mercado passou a projetar que a aprovação pode ser mais demorada do que o estimado por Maia, inclusive em função da internação de Bolsonaro. 

 Segundo Aldo Muniz, analista da Um Investimentos

Tudo está voltado para a reforma da Previdência. Mostrou-se pró atividade por parte do Executivo e do Legislativo, isso é positivo, mas o que acabou desmotivando foi esse vai e volta da própria equipe.

 Ele observa, no entanto, que há também um movimento no mercado de realização de lucros, após a alta de 11% do Ibovespa só em janeiro deste ano. "A Bolsa já estava bastante esticada, vindo de altas significativas. Uma realização também se fazia necessária", afirma. 

 "Essa é uma posição de curtíssimo prazo. Não há virada de tendência. É uma queda pontual e acredito que ainda neste mês se reverte muito fácil. O alvo próximo continua sendo o de 100 mil pontos", diz Marco Tulli Siqueira, gestor de operações da Coinvalores. 

Dos 65 papéis que compõem o Ibovespa, apenas os da Suzano registram alta. Exportadora, a empresa é favorecida pela alta do dólar em relação ao real. 

 Cenário externo

No exterior, o foco estava no discurso de Estado da União realizado por Donald Trump na noite de terça-feira, que, embora sem grandes surpresas, demonstrou que o presidente não recuou sobre o muro na fronteira com o México, exercendo ainda mais pressão para que parlamentares aprovem o financiamento. 

 Isso trouxe temores de uma nova paralisação no governo dos EUA, com Trump pedindo que os democratas e os republicanos encontrem um acordo até o prazo final de 15 de fevereiro. 

 "Havia alguma expectativa de alívio no tom que tange essa exigência de financiamento para o muro", diz Cleber Alessie Machado, operador de câmbio da corretora H.Commcor. "Isso de certa forma preocupa grande parte do mercado, porque, se ficar essa rigidez dos dois lados, estaremos caminhando para uma nova paralisação."

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