Maringá – Visivelmente abatido, o reitor do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), o veterinário Wilson da Silva Matos, acompanhou o início do sacrifício dos animais das fazendas Pedra Preta e Cesumar, focos de febre aftosa. A instituição filmou e fotografou todo o procedimento. As imagens serão usadas na investigação científica própria que o curso de Medicina Veterinária vai fazer na propriedade. Na porteira da fazenda, Silva Matos concedeu entrevista à Gazeta do Povo e afirmou ter convicção de que não há foco da doença na fazenda.

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Gazeta do Povo – Como foi acompanhar o procedimento de abate?

Wilson da Silva Matos – Todo o episódio da aftosa no Cesumar, que para nós nunca teve o vírus, é um processo doloroso e sofrido. Ninguém gosta de ver os seus animais morrendo. Tanto é que o dono da Pedra Preta não conseguiu assistir ao sacrifício.

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Como é feito o sacrifício?

O trabalho é demorado. Leva, em média, três minutos por animal. A dificuldade da Polícia Militar é que os animais, quando vêem a carabina apontada em sua direção, se viram de costas e protegem a cabeça. E o tiro tem de ser dado na cabeça. A PM tem que virar os animais à força ou esperar que eles se virem.

Qual é a reação dos animais a essa movimentação?

Eles têm o instinto de sobrevivência e vêem os outros caindo mortos ao seu lado. Há bezerros de três a quatro meses de idade e muitas fêmeas que protegem os filhotes quando os tiros são disparados. Os animais berram muito.

Os animais ficam todos juntos?

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Há divisões no curral. Na divisão onde é feita a execução, os animais são colocados de 15 em 15. Já mortos, são puxados para perto da cerca, com uma escavadeira e, em seguida, colocados, no caminhão, por um trator com um braço mecânico.

O senhor concorda com o sacrifício?

Não concordo com a norma sanitária da OIE (Organização Internacional de Saúde Animal), que sacrifica animais apenas com sorologia positiva, que foi o caso do Cesumar. Nossos animais são vacinados duas vezes por ano e podem apresentar sorologia positiva. Em áreas onde é feita a vacinação é assim.

Qual era o estado dos animais antes do sacrifício?

Desde que o foco foi decretado no Cesumar, nunca houve sinal clínico da doença e nenhum animal morreu. Por isso, temos convicção em dizer que não há o vírus aqui. Por outro lado, concordamos com o sacrifício para contribuir com a cadeia produtiva do Paraná. Agora vamos fazer a investigação científica para esclarecer isso.

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