Depois de quatro anos e meio, o governo volta a conceder áreas para a exploração de petróleo. É o caso de dizer "antes tarde que nunca". Mas o tempo desperdiçado – por questões ideológicas e pela ganância do Planalto em controlar o setor – não saiu de graça.

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Com a suspensão das licitações em 2009, a Petrobras e as empresas privadas do setor ficaram sem novos blocos para explorar. Isso limitou as descobertas (as mais recentes ocorreram em áreas antigas), restringiu a reposição de reservas esvaídas e prejudicou a cadeia de fornecedores que o governo tanto sonha desenvolver.

Até a produção de petróleo caiu, o que é de espantar em um país que se declarou autossuficiente em 2006 e anunciou a fortuna do pré-sal em 2007. No primeiro trimestre, o volume de óleo retirado dos campos encolheu 9%, para 1,97 milhão de barris por dia, o pior resultado em quatro anos.

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A ANP explica que a baixa se deve a paradas de manutenção em algumas plataformas. Mas é justo supor que, se o Planalto não tivesse interrompido as concessões, teríamos mais campos em operação e uma produção mais alta.

O mais assombroso é que, em meio a essa pasmaceira toda, o governo passou os últimos anos estimulando a compra de veículos e subsidiando a gasolina e o diesel. Vem daí o salto nas importações de petróleo e derivados, notícia bem anos 1970 que os jornais voltaram a publicar de 2011 para cá. A diferença é que, enquanto naquela época não contávamos com uma indústria de etanol consolidada, desta vez fizemos de tudo para afundá-la.

O benefício das rodadas anuais de leilões, realizadas entre 1999 e 2008, parece evidente. Em pouco mais de uma década, as reservas provadas e a produção dobraram. O modelo trouxe concorrência ao setor e, contrariando as previsões apocalípticas de parte da esquerda, fortaleceu a Petrobras.

O declínio nos resultados da companhia é recente, e coincide com recrudescimento da intervenção estatal sobre o setor – com mudanças nas regras de concessão do pré-sal – e sobre a própria Petrobras. Difícil culpar os neoliberais de sempre.

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