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Porta de entrada para o mercado de trabalho, o emprego temporário de final de ano é também uma oportunidade de mostrar o potencial e, quando há a possibilidade, ser efetivado. Anualmente, empregadores contratam temporários para o Natal e, no período, analisam o desempenho dos selecionados, fazendo um banco de reserva ou até mesmo renovando o quadro atual de funcionários – muitas vezes, um efetivo que não está rendendo o esperado é trocado por um temporário de bons resultados, afirmam especialistas.

Francielle Pereira Silva, 23 anos, aproveitou a vaga temporária que conseguiu em uma loja de moda feminina do Shopping Vitória, no Espírito Santo, em dezembro de 2008, para mostrar a que veio. Meses depois, entrou no lugar de uma funcionária efetiva que não estava rendendo o esperado.

"Como a loja no final do ano é sempre muito cheia, é possível desenvolver melhor o trabalho. Há muitos clientes, você aprende de uma forma ou de outra", diz. Francielle revela que aprendeu observando as demais vendedoras, mais experientes.

A gerente de Francielle, Ivanete Santana de Lima, explica que observou na iniciante boa desenvoltura para vendas e interesse pela vaga. Ivanete afirma que a vendedora substituída por Francielle não estava se dando muito bem na loja do shopping e foi transferida para outra unidade da mesma rede.

Vagas

Entidades do setor estimam a abertura de 123 mil a 180 mil vagas temporárias para a demanda de Natal no Brasil em 2009. A previsão é que de 17% a 30% dos temporários sejam efetivados, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem) e a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), respectivamente.

Grande parte das vagas não exige experiência anterior e, por isso, é uma oportunidade de primeiro emprego, dizem as entidades. As vagas, geralmente, são para maiores de 18 anos com ensino médio completo. A maioria dos postos é para vendedores, estoquistas e promotores.

Substituição

A Abrasce afirma que as estimativas de efetivação não significam que o aumento do número de funcionários será nas mesmas proporções, já que alguns temporários substituem funcionários já efetivados, como o caso de Francielle.

"A renovação de quadro existe há muito tempo. A empresa vê nos novatos a possibilidade de tomar o lugar do vendedor que está cansado, estagnado, por algum motivo. O empresário hoje, mais do que nunca, quer vendas", afirma Luis Augusto Ildefonso, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).

Ildefonso sugere que os novatos arregacem as mangas, atendam o máximo de clientes possível e mostrem comprometimento com o trabalho. "Aquele que já está na empresa e não demonstrar isso, cai do cavalo", afirma.

Para Jismalia Oliveira Alves, diretora de comunicação da Asserttem, não é possível dizer que, nesses casos, o temporário rouba a vaga do efetivo. Segundo ela, o funcionário que não está rendendo seria dispensado mais cedo ou mais tarde. O temporário tem a sorte de chegar na hora certa.

Banco de currículos

A contratação ou não de um temporário não depende, entretanto, apenas do desempenho do iniciante. Às vezes, as empresas simplesmente não estão com vagas abertas.

Nesses casos, Ildelfonso destaca que há uma segunda possibilidade: como os lojistas conversam entre si, eles podem indicar um temporário que teve um bom desempenho para um colega que está precisando. Por isso, o trabalho temporário funciona como uma pré-seleção, uma espécie de avaliação, explica.

"No cafezinho entre os empregadores, os bons temporários são lembrados. Os currículos também são encaminhados pelos lojistas para a área administrativa dos shoppings e buscados quando há necessidade", diz. Segundo Ildelfonso, os próprios lojistas que contrataram o temporário podem chamá-lo posteriormente, quando abrir uma vaga.

É o caso de Luciano Ferreira de Lima, 26 anos. Ele teve a chance de trabalhar temporariamente como estoquista em uma loja de calçados no Shopping Riosul, no Rio de Janeiro (RJ), no final de 2008. Em abril de 2009, foi aberta uma vaga para o mesmo cargo e ele foi chamado para voltar como efetivo. "Procurei mostrar serviço e trabalhar da maneira que me ensinavam", disse.

Período de teste

O comerciante Nilton Nuno Andrade, 45 anos, dono de três lojas de brinquedos em São Paulo (SP) chamadas Brinkbox afirma que costuma fazer um banco de temporários que se deram bem para chamá-los em futuras oportunidades. No caso dele, além das vagas de final de ano, também são contratados temporários para o mês do dia das crianças.

Andrade afirma que já chegou a demitir um efetivo que não estava rendendo o esperado por um temporário que se deu bem. "Acontece com freqüência. Quando o temporário atende as expectativas, aproveitamos e fazemos a demissão daquele funcionário que está com algum problema."

No ano passado, Sônia Pinto Cordeiro, 18 anos, foi chamada para trabalhar temporariamente em uma loja de Andrade no Shopping Center 3, no centro de São Paulo (SP). Passado o período de experiência, ela foi contratada e está no emprego até hoje.

"É meu primeiro emprego efetivo. Na época de temporária, tentei demonstrar bastante interesse, atender muitos clientes, ser simpática e entender sobre o mundo dos brinquedos", disse. Hoje, segundo Andrade, Sônia carrega responsabilidades de antigas vendedoras que não estão mais na loja. "Neste ano, sou eu que vou ensinar o trabalho para as temporárias que chegarem", diz Sônia.

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