Cenário é oposto ao exibido pelo Caged
O cenário do mercado de trabalho apurado pelo IBGE em novembro parece bem diverso do registrado pelos resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, que mostrou forte queda na geração de postos de trabalho no mercado formal.
Segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), Cimar Azeredo, há grandes diferenças entre as duas pesquisas. Enquanto a abrangência do Caged é nacional, a PME engloba apenas seis regiões metropolitanas. O Caged engloba apenas o mercado formal, enquanto a PME também apura o mercado informal.
"É inquestionável o valor do Caged ao que ele se propõe; assim como é inquestionável o valor da PME. Mas essas diferenças podem ocorrer", afirmou. Cimar acrescentou que, no caso da pesquisa sobre mercado de trabalho do Dieese que anteontem apontou desemprego de 9,7% , o levantamento abrange regiões metropolitanas diferentes das pesquisadas pelo IBGE, com outra metodologia.
A onda de contratação de temporários derrubou a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas do país monitoradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. De outubro para novembro, a taxa de desocupação recuou de 5,8% para 5,2%, a menor desde o início da atual Pesquisa Mensal de Emprego (PME), em 2002. Na avaliação do IBGE, houve antecipação, de dezembro para novembro, no movimento sazonal de abertura de novas vagas para atender à demanda aquecida desta época do ano.
Mas a boa notícia representa também uma preocupação a mais para a inflação em 2012, que pode ser impulsionada pela renda. Os ganhos do trabalhador continuam em patamar elevado. Embora tenha apresentado estabilidade contra outubro, o rendimento real em novembro foi de R$ 1.623,40, o valor mais elevado para o mês em nove anos.
"O mercado de trabalho está superaquecido", avaliou o professor do Departamento de Economia da PUC-Rio e economista da Opus Gestão de Recursos, José Marcio Camargo. O especialista lembrou o histórico da taxa de desemprego, que caiu pela metade desde 2003, favorecida por um crescimento econômico médio anual em torno de 4,5%. "Se continuássemos a crescer a taxas próximas a 4,5%, teríamos zero de taxa de desemprego. E isso não seria bom para a inflação."
O consumo em alta do trabalhador contribuiu para o avanço gradativo da inflação de serviços. Este segmento acumula alta de 9% este ano, contra uma inflação média de 6,56% medida pelo IPCA-15, prévia do IPCA, usado pelo governo como referência para a meta inflacionária. "Não adianta ter aumento de salário com inflação alta. O trabalhador pode ter todos os aumentos que quiser, mas o salário acabaria sendo corroído pela inflação elevada", alertou Camargo.
O bom momento do mercado de trabalho pode ser um dos vilões da inflação para o ano que vem, mas deve gerar em 2011 o menor nível de desemprego anual da história da PME. A taxa média de desemprego de janeiro a novembro deste ano foi de 6,1%, abaixo de igual período no ano passado (6,9%) e inferior à de 2010 (6,7%), até o momento a menor da série.
Para o gerente da PME, Cimar Azeredo, é errado dizer que o mercado de trabalho não foi afetado pela atual desaceleração da economia, visto que os números de novembro foram beneficiados pela contratação sazonal de temporários. "É preciso ver em janeiro qual será o contingente que será contratado de forma efetiva", resumiu.
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