Com a desaceleração da atividade econômica, o desemprego avança e ameaça principalmente quem tem contrato temporário ou terceirizado. Como esse tipo de relação trabalhista é frágil, fica mais simples e barato para as empresas a dispensa desses profissionais do que a de funcionários com vínculo tradicional. Todos os 800 demitidos da General Motors de São José dos Campos (SP), por exemplo, eram temporários.
Segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 25% dos profissionais com carteira assinada no país têm a chamada relação precarizada com seus empregadores o que inclui terceirizados, temporários, além de estagiários e os contratos como pessoa jurídica. Isso significa que cerca de 7,7 milhões de brasileiros estão na berlinda e têm mais chance de perder o emprego neste momento. Foi o que ocorreu com Fabrício Correia, 29 anos, de Curitiba.
O metalúrgico começou a trabalhar na montadora Volvo em 1º de outubro do ano passado num contrato temporário com validade de seis meses. Dois meses depois, Correia e outros 200 empregados temporários foram informados pela fábrica que o fim do contrato seria antecipado. "Quando a gente entra numa empresa como temporário, sonha que o trabalho será reconhecido e a efetivação vai acontecer", lamenta o operário.
Fragilidade
"Esses são os vínculos mais frágeis, os primeiros a serem rompidos", afirma Roberto Gonzalez, técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento. Aos 26 anos, o pedreiro Francisco Costa coleciona três carteiras de trabalho e já perdeu a conta de quantos empregos teve em dez anos de mercado. Costa lamenta a falta de garantias: "Às vezes levamos o calote dos empreiteiros e não temos a quem reclamar".
O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas (SP), Eliezer Mariano da Cunha, diz que ter profissionais terceirizados e temporários é uma forma de as empresas "aumentarem seus lucros e gastarem menos com as obrigações trabalhistas". Na região, montadoras, empresas de autopeças e do setor de eletroeletrônicos optam pelos temporários, segundo Cunha, e já vêm demitindo.
Nem o comércio escapou dos cortes dos temporários. Projeção do Clube Nacional dos Diretores Lojistas indica que, em janeiro, o comércio deve absorver apenas 3% dos temporários contratados para as vendas de fim de ano. Normalmente, a absorção é de 10%.
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