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Transporte

“Tenho de recuperar o tempo perdido”

 | Felipe Rosa/Gazeta do Povo
Licitação para aumentar velocidade do corredor de exportação sai neste mês, mas obra deve durar mais de um ano |

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Licitação para aumentar velocidade do corredor de exportação sai neste mês, mas obra deve durar mais de um ano

Há cinco meses no cargo, Luiz Henrique Tessuti Dividino, atual superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), tem tentado tocar o gigante paranaense com o apoio da comunidade portuária. Em entrevista à Gazeta do Povo, disse que tem a missão de recuperar "o tempo perdido em investimentos", mas com a "máquina andando" e que não pode ficar "a reboque" dos projetos federais – referindo-se ao pacote de investimentos dos portos que deve ser anunciado neste mês de setembro, em Brasília. Mas também deixou transparecer uma cautela própria de quem agora está do outro lado da mesa e vê que a máquina pública é mais lenta que a privada.

Há alguma informação sobre como será o pacote para os portos?

Não. O governo federal está muito reservado, acho que por conta das concessões prestes a vencer [são mais de 70 em todo o país]. O que percebi, apenas, é que há uma intenção de realmente seguir com a relicitação desses espaços, principalmente porque quando isso acontece vem junto um grande volume de investimento.

O programa de arrendamento de novas áreas no Porto de Paranaguá, de 500 mil metros quadrados que o plano de zoneamento identificou, depende do anúncio desse pacote?

Não, até porque tenho de recuperar o tempo perdido.

Mas o programa sai neste ano ainda?

O programa em si, com as regras, vai se viabilizar. Eu garanto que sim. Deve ser protocolado em Brasília nos próximos 30 dias. Já a publicação as licitações de cada área dependerão da aprovação da SEP [Secretaria Especial dos Portos] e da Antaq [Agência Nacional de Transportes Aquaviários]

Mas não há o risco de haver trabalho perdido, de o pacote mudar algo que se reflita no programa de arrendamento?

Acredito que não. O pior que pode acontecer é mudar alguma regra intermediária, como o prazo de concessão. Mas isso é só uma alteração no edital de licitação.

Considerando que mais de 40% da próxima safra paranaense de soja está vendida e que no Mato Grosso são 60%, o escoamento de grãos deve se concentrar novamente. O porto está preparado para isso?

Nós formamos um grupo de trabalho com os principais operadores de exportação. O combinado tem sido o de ter sintonia fina, ou seja, o escoamento tem de ser cadenciado. Não adianta chegar mais caminhão que o terminal dá conta de esvaziar. É claro que isso nós estamos falando em o cenário se mantendo. Desde o crack [quebra do mercado financeiro] de 2008, o mercado está muito sensível. Se os Estados Unidos apontarem com mais alguma notícia ruim, o preço da saca mudará e haverá correria. O produtor quer sempre garantir o melhor preço. Isso para quem já vai estar operando no limite será um problema. Para este ano estamos prevendo um crescimento de 5% a 6% na movimentação geral em relação a 2011, e para o ano que vem tudo indica que o comportamento vai se repetir. [De janeiro a julho foram embarcadas mais de 5 milhões de toneladas de soja, 25% a mais que no mesmo período de 2011].

Não há como melhorar a velocidade de embarque até lá?

A licitação do repotenciamento do Corredor de Exportação, que é a troca de todos os mecanismos, esteiras etc, sai em setembro. A ideia é aumentar o embarque de cada um dos seis shiploaders [carregadores] de 1,5 mil toneladas/hora para 2 mil toneladas/hora. Mas a obra em si, de R$ 76 milhões, deve levar mais de um ano, pois terá de andar junto com o escoamento.

E a cobertura do Corex para dias de chuva? Não há chance de sair algo como o que a Cosan está instalando em Santos?

Temos quatro empresas com projetos em estudo na Appa, mas só vou implantar aquilo que tiver totalmente certeza de sucesso. A Cosan pode fazer isso porque domina a cadeia em que atua, é a produtora, a transportadora e a compradora da carga de açúcar, por meio de uma subsidiária lá do outro lado do mundo. Além disso tem a sensibilidade da carga. Se o açúcar pega umidade aqui e chega lá como rapadura, não tem problema. Ele vai ser processado na indústria igual. Já os grãos não são assim. São muito sensíveis, incham e até germinam com umidade e depois um sol de 40º C em cima do navio. Ao contrário do caso de Santos, a carga não é minha para eu arriscar.

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