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Tensão global leva Bovespa a maior tombo em 20 semanas

Dados econômicos globais desanimadores e o medo de um repique na crise da zona do euro juntaram-se para levar os mercados acionários globais a testar novas mínimas em 2010, levando a Bovespa a conhecer seu pior dia em mais de 20 semanas.

Apertado sobretudo pelas blue chips domésticas ligadas a commodities, o Ibovespa retrocedeu 3,5 por cento, para 61.977 pontos, próximo das mínimas do mês.

De uma só vez, as principais balizas das expectativas do mercado trouxeram motivos de preocupação.

A confiança do consumidor na cambaleante economia dos EUA desabou em junho . Ao mesmo tempo, o Conference Board revisou para baixo um indicador antecedente da China referente a abril , acendendo a luz amarela quanto à capacidade da gigante asiática de compensar o efeito da fraqueza europeia e norte-americana sobre a economia mundial.

"Hoje os astros se alinharam negativamente", resumiu Ernesto Leme, CEO da Claritas Wealth Management.

Isso sem contar o nervosismo que já passeava pelas mesas de operações antes mesmo do início dos negócios, prestes ao fim do prazo de pagamento de empréstimos feitos a bancos pelo Banco Central Europeu da ordem de 442 bilhões de euros esta semana.

Nas bolsas, o resultado não poderia ser outro: o índice acionário chinês fechou na mínima em 14 meses, enquanto o europeu encontrou o piso em 3 semanas e os principais de Nova York recuaram cerca de 3 por cento. O S&P caiu 3,1 por cento para chegar a novo piso em 8 meses.

Não por acaso, quem mais puxou a bolsa paulista para baixo foram ações de empresas ligadas a commodities, principal elo comercial do país com o mundo. O papel preferencial da Vale despencou 4,8 por cento, cotado a 39,03 reais. Nem mesmo a elevação do rating da companhia pela Fitch, para BBB+, foi suficiente para levantar o ânimo dos investidores.

Outra mineradora, a MMX, foi ainda mais longe, tombando 7,3 por cento, a 10,75 reais, com a pior performance do índice, que teve apenas quatro altas.

Embora a apatia tenha estado presente em todos os setores indistintamente, alguns deles, como os de siderurgia, construção civil, eletricidade e financeiro, foram atingidos mais duramente.

A consistência do pessimismo foi ilustrada pelo giro financeiro da sessão, que somou 7,6 bilhões de reais, justamente o oposto do que ocorreu nos últimos dias, quando a Bovespa tocou as máximas em mais de um mês.

"Uma queda com volume como esse é um indicativo bem ruim para o mercado", acrescentou Leme.

Segundo ele, no caso brasileiro o movimento tem boa participação dos estrangeiros, investidores que ampliaram a exposição na bolsa paulista em 435,9 milhões de reais até o dia 25.

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