O avanço da proposta de reforma tributária dos parlamentares na Câmara e a retração da atividade econômica no primeiro trimestre, segundo dados do Banco Central, levaram a Bolsa brasileira a recuar mais de 2% na manhã desta quarta-feira (15).
Logo após a abertura, o Ibovespa chegou a 90.294 pontos, menor nível desde 3 de janeiro, quando a Bolsa bateu os 89.921 pontos, mas acabou fechando o dia em 91.623 pontos. O dólar comercial acompanhou o viés negativo, bateu os R$ 4 ainda pela manhã e fechou o dia a R$ 3,9962 no valor de venda – a maior cotação desde o 1.º turno das Eleições 2018.
O mau humor do mercado começou ainda na terça (14), quando oposição e centrão impuseram mais uma derrota ao governo na Câmara dos Deputados. Foi aprovada a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para o plenário da Câmara prestar esclarecimentos do bloqueio de R$ 7,3 bilhões na pasta aos 513 parlamentares. Isso, em meio aos protestos nas ruas, não foi um bom sinal para o mercado.
Inicialmente, Weintraub falaria na comissão de educação, mas foi surpreendido pela articulação dos parlamentares. A intenção do PSL, partido de Jair Bolsonaro, era derrubar a deliberação e impedir que o ministro fosse obrigado a vir, mas foi derrotado por 307 votos a 82.
"Vamos ver quantos votos o governo tem", debochou o líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-AL), quando deputados do PSL pediram para fazer a votação nominalmente.
O episódio deixou investidores cautelosos com a aprovação da reforma da Previdência, que depende da boa articulação do governo com o centrão. Outro dado preocupante para o mercado é a confirmação do Banco Central de que a atividade econômica brasileira registrou retração de 0,68% no primeiro trimestre.
O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) recuou também na comparação de março com fevereiro, apresentando queda de 0,28%. Economistas previam queda de 0,20%, segundo projeções das agências Bloomberg e Reuters.
"Todos estes fatores negativos fazem com que o investidor realize lucros e se proteja. No ano, a saída de investidores estrangeiros já soma R$ 2,5 bilhões. Dependemos de uma boa reforma da Previdência para melhorar o quadro econômico brasileiro", afirma Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.
No exterior, cenário foi de recuperação
No exterior, os pregões também iniciaram em queda, após dados fracos da economia chinesa. No entanto, a decisão do presidente americano Donald Trump de adiar em seis meses o aumento de 25% nas tarifas de carros importados animou os mercados.
A medida, confirmada por três funcionários do governo à Reuters, agradou fabricantes europeus e japoneses e foi vista como um passo em direção a um acordo comercial com China.
Com a notícia positiva, os principais índices globais continuaram escalada de recuperação após o tombo de segunda. Dow Jones subiu 0,45%, S&P 500 teve alta de 0,58% e Nasdaq teve valorização de 1,13%.
Bolsas europeias também fecharam em alta. A Bolsa de Londres subiu 0,76%, Paris teve 0,62% de ganhos e Berlim teve alta de 0,9%. Índices asiáticos fecharam em viés positivo. Bolsa do Japão teve alta de 0,58%. Hong Kong subiu 0,52% e o índice CSI 300, que mede o desempenho dos papéis das bolsas de Shangai e Shenzen, disparou 2,25%.