Christopher Pissarides, da LSE| Foto: Carl Court/AFP
Dale Mortensen, da Northwestern
Peter Diamond, do MIT

Os norte-americanos Peter A. Diamond e Dale T. Mortensen e a britânico-cipriota Christopher A. Pissarides são os ganhadores do Nobel de Economia de 2010, anunciado ontem. Os três professores receberão o prêmio por causa dos estudos desenvolvidos sobre mercados em que compradores e vendedores têm dificuldade para se arranjar – como o mercado de trabalho.Durante décadas, os pesquisadores estudaram o que ocorre quando um mercado não é feito de partes idênticas, que se encaixam com perfeição. Assim é, por exemplo, o ambiente de oferta de empregos: os trabalhadores têm diferentes habilidades e pontos fracos, bem como as empresas têm diferentes tipos de vagas que precisam ser preenchidas. Nesses casos, há um custo significativo envolvido na busca pela combinação ideal entre quem compra e quem vende – no caso, quem procura um emprego e quem o oferece.

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Em 1971, Diamond – hoje com 70 anos e professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) dos Estados Unidos – desenvolveu uma ampla base teórica para estudar mercados com "custos de busca". Mortensen, 71 anos, da Northwestern University, também dos EUA, e Pissarides, 62, da London School of Economics (LSE), do Reino Unido, uniram-se a Diamond para aplicar a teoria ao mercado de trabalho – e para analisar como as políticas de governo podem melhorar a sintonia entre trabalhadores e empregadores.

"Os estudos dos laureados nos ajudam a entender como o desemprego, a abertura de vagas e os salários são influenciados pela regulação e pela política econômica", citou o comitê responsável pelo Nobel. As pesquisas premiadas sugerem, por exemplo, que benefícios como o seguro-desemprego podem ter a indesejada consequência de prolongar a falta de ocupação, pois tornariam o fato de estar sem trabalho menos caro para o indivíduo. "Essa é uma indicação que gera controvérsia", diz Robert Shimer, professor da Universidade de Chicago. "Mas a maioria dos modelos mostra que, mesmo em uma economia deprimida, benefícios mais generosos aos desempregados tendem a gerar uma alta na taxa de desocupação. É claro que os benefícios são bons para o desempregado, mas existe uma compensação negativa", explica.

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A pesquisa também ajuda a entender por que o ambiente de trabalho europeu tem sido muito mais rígido do que o americano nas últimas décadas – problema que inclusive inspirou o professor Pissarides, que nasceu no Chipre, a estudar os custos desse mercado. "Muitos países europeus restringem a contratação e a demissão de funcionários pelas companhias", diz Lawrence F. Katz, professor de economia do trabalho em Harvard. "Com isso, cria-se um mercado esclerosado, com pouco movimento entre as vagas e desemprego no longo prazo."

Oportuno

Muitos analistas consideram esses estudos particularmente oportunos no clima econômico atual, em que muitos países desenvolvidos enfrentam altas taxas de desemprego. Num exemplo recente, a teoria desenvolvida pelos três economistas tem sido usada para elaborar sistemas alternativos de benefícios para quem está sem emprego. Diversas outras áreas, como habitação, contas públicas, economia familiar e política monetária, se beneficiaram dos modelos sobre os "mercados de busca".

Para Pissarides, os trabalhos pelos quais recebe a homenagem oferecem uma lição específica para os políticos de hoje. "O que se deve fazer é não deixar os desempregados ficarem desempregados por muito tempo. É preciso tentar oferecer a eles alguma ocupação imediata, para que eles não percam a ligação com a força de trabalho", afirmou o acadêmico.

Diamond concorda com o colega na necessidade de rapidez de recolocação de trabalhadores, mas disse que há um medo exagerado de que as taxas de desemprego permaneçam altas para sempre. "A economia vai se adaptar. Não vejo motivos para acreditar que, após atravessarmos este período, não voltaremos a tempos normais", defendeu.

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Além de medalha e diploma, os ganhadores recebem cerca de US$ 1,5 milhão.