O Tesouro Nacional não espera uma debandada de investidores nem grande impacto no custo da dívida brasileira após a terceira agência de classificação de risco ter retirado do Brasil a credencial de lugar seguro para se investir.
De acordo com José Franco, coordenador-geral de Operações da Dívida, o impacto do rebaixamento da nota de crédito do país feita pela Moody’s nesta quarta-feira (24) na gestão da dívida será limitado. “Os investidores já se antecipam de certa maneira, o que tende que não haja movimentos bruscos nos preços.”
LEIA MAIS: Rebaixamento agora altera pouco situação do crédito, diz Tulio Maciel, do BC
Franco defende que a base de investidores que compram títulos do governo brasileiro é diversificada, sendo mais de 75% dela baseada no país. “Se um tipo de investidor, geralmente não residente, por uma razão resolver reduzir sua exposição no Brasil, haverá outros tipos de investidores que vão aumentar a exposição.”
De acordo com o coordenador, que em breve será empossado como subsecretário da Dívida Pública, diante de um cenário de redução global das taxas de juros, o Brasil é um local atrativo para investidores que buscam mais retorno, a um risco maior.
Os maiores detentores da dívida pública são instituições financeiras (23,3%), Previdência (22,5%), fundos de investimento (19,7%) e não residentes no país (18,9%).
Segundo Franco, o PAF (Plano Anual de Financiamento), documento de planejamento da dívida ao longo do ano, já trabalhava, entre outros cenários, com a possibilidade de mais esse rebaixamento da nota de crédito brasileira.
“O Tesouro está preparado para gerir a dívida pública num ambiente com grau de investimento menor. Isso já estava contemplado no PAF”, disse Franco.
Rebaixamento
O rebaixamento da nota de crédito brasileira nesta manhã pela Moody’s fez com o que o país perdesse o último selo de bom pagador que detinha entre as três maiores agências de classificação de risco do mundo.
A nota do país foi cortada em dois degraus, de Baa3 – último nível de grau de investimento – para Ba2. A perspectiva é negativa, o que indica que novo rebaixamento pode ocorrer nos próximos meses.
O Ministério da Fazenda comentou, em nota, que o corte não muda o compromisso do país com o ajuste fiscal e que o rebaixamento será temporário.
Dívida
O Tesouro Nacional divulgou nesta quarta-feira que a Dívida Pública Federal caiu 1,54% em termos nominais de dezembro para janeiro, somando R$ 2,7 trilhões.
Em janeiro, as emissões de papéis da Dívida Pública Federal corresponderam a R$ 72,1 bilhões, enquanto os resgates somaram R$ 150,5 bilhões, o que resultou em resgate líquido de R$ 78,4 bilhões.
Rebaixamento agora altera pouco situação do crédito, diz Tulio Maciel, do BC
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, avaliou nesta quarta-feira (24) que o impacto do novo rebaixamento do Brasil, agora pela agência de classificação Moody’s, deve ser pequeno sobre o mercado de empréstimos.
“Isso altera pouco a situação do crédito”, previu, explicando que as reclassificações feitas por outras agências anteriormente já trouxeram reflexos para a economia. “A absorção já ocorreu por outras agências”, reforçou. Ele ressaltou que o mercado doméstico é caracterizado por funding doméstico.
O técnico do BC disse também que o nível de confiança é importante para o mercado de crédito e reflete uma série de condições financeiras e das próprias famílias. Ele ressaltou que há certa estabilização da queda da confiança e, alguns dados, começam a mostrar até mesmo uma reversão.
Os impactos de um rebaixamento no mercado interno, conforme Maciel, ocorrem de forma indireta, difusa e tendem a ser marginais. “Não é isso que vai afetar o cenário de crédito do país”, afirmou.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast