O Tesouro Nacional vendeu títulos prefixados (com taxas definidas com antecedência) a taxas altas para mostrar que os investidores continuam demandando esses papéis apesar da turbulência financeira, disse nesta quinta-feira (22) o subsecretário de Dívida Pública do órgão, Paulo Valle. Segundo ele, a decisão de aceitar os juros em torno de 12% ao ano pedidos pelos compradores fornece uma referência para o mercado e confirma que os aplicadores ainda estão interessados em adquirir papéis de até dez anos do governo brasileiro.
Nos leilões desta quinta, o Tesouro vendeu 500 mil NTN-F (Notas do Tesouro Nacional, série F) com vencimento em 2019 a 11,98% ao ano e 500 mil NTN-F com vencimento em 2023 a 12,05% ao ano. Há poucas semanas, esses papéis estavam com taxas abaixo de 10% ao ano. "Em momentos de volatilidade, os preços ficam excessivos. Mesmo assim, vendemos papéis de longo prazo para mostrar que existe demanda nesse preço", explicou o secretário.
Paulo Valle ressaltou que a demanda chegou a ficar acima do número de papéis ofertados. Segundo ele, os compradores queriam 2 milhões de papéis, e o Tesouro vendeu 1 milhão de NTN-F 500 mil papéis de cada tipo. De acordo com o subsecretário, o órgão chegou até a lucrar. Hoje, o Tesouro vendeu R$ 573 milhões a mais do que comprou em títulos prefixados.
No caso da NTN-F 2023, o Tesouro vendeu os títulos a 12,05% ao ano e recomprou os mesmos papéis a 12,28% ao ano. "Não é objetivo do Tesouro lucrar com essas operações, mas isso mostra o quanto o mercado está disfuncional porque os investidores estão se desfazendo de papéis com taxas mais altas que a dos leilões de venda porque acreditam que as taxas vão subir ainda mais", disse.
Por meio dos títulos públicos, o governo pega emprestado recursos dos investidores para honrar compromissos. Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser prefixada (determinada no momento da emissão) ou seguir a inflação, a taxa Selic (juros básicos da economia) ou o câmbio. Os juros representam a desconfiança dos compradores que o governo dê um calote. Quanto mais alta a taxa, maior o risco para os donos dos títulos e maior o custo para o Tesouro administrar a dívida pública.