A mudança na política de preços de combustíveis anunciada recentemente pela Petrobras por enquanto não trouxe consequências negativas à empresa, mas será colocada à prova em um eventual novo cenário de choque de preços do petróleo. Com um modelo de precificação menos transparente e mais descolado da cotação internacional da commodity, a alteração pode gerar riscos para a própria empresa e para o setor, segundo especialistas.
“O contexto atual de câmbio, com o fortalecimento do real em relação ao dólar, junto com as quedas no mercado internacional das cotações de petróleo e diesel, são propícios para um reajuste de preços para baixo que não crie grandes distorções com o valor do produto importado”, comenta Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus.
Um cenário em que o governo controlasse artificialmente de preços, gerando prejuízos à Petrobras, provocaria um efeito em cascata, com queda no valor dos dividendos distribuídos, inclusive para a própria União, e desvalorização das ações da companhia. Sem a possibilidade de competir com os preços controlados, refinarias privadas e importadores poderiam ter dificuldade de atuar no mercado brasileiro, o que reduziria investimentos no setor e poderia ocasionar até mesmo risco de desabastecimento.
“O grande teste (e consequente risco) será em um cenário de choque dos preços. Somente então poderemos presenciar qual rumo a empresa irá tomar na precificação dos combustíveis: menor repasse para os consumidores, em detrimento das margens e rentabilidade da própria empresa; ou repasse suavizado dos preços, ponderando entre uma certa diminuição de suas margens, mas com aumento dos preços para o consumidor final”, comenta Pedro Canto, analista da CM Capital.
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