A Secretaria do Estado de Meio Ambiente (Sema) e a multinacional sueca fabricante de embalagens cartonadas Tetra Pak consideraram encerrado o conflito envolvendo reciclagem de caixas longa-vida, depois de reunião realizada na tarde de ontem, na sede da secretaria. O encontro, que teve participação do Ministério Público, terminou em acordo para a elaboração conjunta de projeto de logística de recolhimento e destinação de embalagens em todo o estado, até 16 de julho.
Na terça-feira passada, o governo do estado afirmou pretender fiscalizar aterros sanitários para calcular o passivo ambiental gerado pela empresa, que tem fábrica em Ponta Grossa (Campos Gerais), alegando que boa parte das 500 milhões de caixas vendidas no estado por ano estariam sendo descartadas. O governo cogitou proibir as caixinhas, que têm alumínio em sua composição.
A Tetra Pak calcula em 32% a taxa de reciclagem de suas embalagens cartonadas. O número é contestado pela secretaria, que o julga alto demais. "Vamos partir do pressuposto de que seja verdade e aumentar a reciclagem aos poucos", diz o secretário Lindsley Rasca Rodrigues, para quem o ideal seria recolher 80% de qualquer tipo de embalagem.
O secretário assume a necessidade de participação governamental nesse processo. "A empresa não tem que recolher as embalagens, e sim criar logística. Ela é um dos entes envolvidos, ao lado do governo, recicladores e consumidores", diz. O projeto deve envolver ações de educação e estímulo à reutilização das caixinhas fora do setor alimentício, em que é proibida.
O secretário deve suspender a fiscalização de aterros durante os 60 dias de prazo. Ele lamenta que o entendimento não tenha sido alcançado desde o início das conversações, em agosto do ano passado.
O vice-presidente da empresa para a América Latina, Nelson Findeiss, admite que as conversas foram mal conduzidas. "Tivemos um problema de comunicação, até porque em Ponta Grossa não temos área administrativa. O diretor responsável foi infeliz." O secretário Rodrigues afirma que o responsável usou termos jocosos e ofensivos durante o processo. Também participou da reunião o presidente da Tetra Pak no Brasil, Paulo Nigro.
O secretário reafirmou que não está interessado no passivo ambiental da Tetra Pak por motivos fora da alçada ambiental. "A empresa é grande geradora de ICMS no estado, e não é nosso objetivo multá-la. Já investigamos outras cadeias poluidoras, como a dos pneus e do óleo comestível, e temos o próximo grande gerador em mente", diz.
O Paraná deve ganhar em breve sua segunda fábrica de cartonados. A suíça Sig Combibloc está em processo de licenciamento para construir em Campo Largo. Uma das etapas será a apresentação de um plano de gerenciamento de resíduos em que a empresa se comprometa com o ambiente previamente.