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Imóveis

Thá se prepara para abrir capital

Um plano de reestruturação administrativa do Grupo Thá, iniciado no segundo semestre de 2005, pretende levar a empresa ao mercado de ações em até três anos e afastá-la, definitivamente, do modelo familiar de gestão adotado ao longo de sua história.

A alteração na condução dos negócios já começou. A primeira etapa do processo foi a mudança na presidência, no começo do ano, hoje nas mãos do economista Francisco Paschoal. Pela primeira vez na história da companhia, o cargo de principal executivo do grupo não é ocupado por um membro da família Thá.

"Em uma empresa familiar, a única certeza é que o número de acionistas vai aumentar com o tempo. O que não é necessariamente ruim, mas nem sempre os herdeiros querem ou podem entrar no negócio", avalia Paschoal. "A impossibilidade de entrar e sair é um dos problemas que travam o crescimento desse negócio. E uma das maneiras mais simples de resolver é abrir o capital."

O processo de preparação para que a empresa ofereça parte de suas ações aos investidores do mercado de capitais, segundo o novo presidente, deve demorar cerca de três anos. "O momento exato, no entanto, vai depender de uma decisão dos atuais acionistas. É preciso preparar o grupo do ponto de vista contábil e jurídico e também adaptá-lo aos modelos de governança coorporativa, para que a empresa possa lidar com tranqüilidade com seus futuros acionistas", explica.

Outro fator que pesou na decisão da empresa, segundo Paschoal, foi o sucesso de outras incorporadoras do setor de construção civil que abriram capital. "Não temos certeza de que o mercado estará tão receptivo quando estivermos prontos, mas acreditamos que sim." No começo deste ano, duas empresas do setor – a Gafisa e a Company – lançaram ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A entrada da carioca Gafisa na Bolsa ocorreu em 17 de fevereiro, quando a companhia lançou papéis que representam 50,1% de seu capital (oferta primária e secundária), que resultaram na captação de R$ 927 milhões. Desde então, os papéis se valorizaram 22% e eram negociados a R$ 22,61 na última quinta-feira. A Itaú Corretora citava os papéis entre suas recomendações de compra, estimando um preço alvo de R$ 31,90 por ação até o fim do ano.

Para o estrategista de renda variável do Santander Banespa, Ricardo Cavalheiro, está se formando no país um cenário positivo tanto para as próprias construtoras, quanto para investimentos em ações do setor. "As taxas de juros estão caindo e isso deve fazer a economia crescer como um todo, com o aumento da renda e do acesso ao crédito. O Brasil ainda é um país considerado de risco, mas os credores, vendo essa dinâmica positiva, ficam mais dispostos a investir e o ciclo se alimenta positivamente."

Esse cenário, aliado a uma demanda por moradia reprimida por anos de juros altos e crédito limitado, deve fazer crescer o mercado imobiliário. "Isso já aconteceu fortemente no México, por exemplo, e no Brasil não deve ser diferente", aposta. Segundo Cavalheiro, os investidores tendem a antecipar o movimento do mercado imobiliário, investindo ou em empresas de matéria-prima, representadas por um número ainda pequeno de cimenteiras e fabricantes de aço, ou nas próprias construtoras.

Financiamento

A abertura de capital foi a alternativa encontrada em 1997 pela Rossi Incorporadora para viabilizar seus planos de expansão. "Entre as opções disponíveis no Brasil, posso dizer que recorrer ao mercado é a maneira mais barata de financiamento", avalia o diretor de relações com investidores da companhia, Sérgio Rossi. Segundo o executivo, a venda de ações possibilitou a entrada da incorporadora em novas cidades e a ampliou seu poder de negociação.

"Conseguimos uma vantagem competitiva em relação às demais empresas. Abrir o capital traz uma série de benefícios, como uma maior visibilidade à companhia, que encontra mais investidores e parceiros interessados em fazer negócios", destaca. Em fevereiro deste ano, a Rossi fez uma nova oferta de ações, com a qual captou R$ 1,012 bilhão. O objetivo novamente, segundo o diretor, é conquistar novos mercados. "Um caixa forrado nos permite barganhar com mais força por um terreno, por exemplo, coisa que era impossível antes de vendermos as ações." A empresa não revela em que cidades pretende investir.

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