A ThyssenKrupp, maior siderúrgica alemã e uma das maiores da Europa, disse nesta quinta-feira que fechou acordo com a Vale que prevê um aumento de mais de 100 por cento no preço do minério de ferro, dependendo da qualidade.
A companhia também disse que o acordo é válido por três meses a partir do primeiro dia de abril, e que pretende repassar o aumento para clientes.
A Thyssen é a primeira das grandes siderúrgicas européias a confirmar as bases para o minério de ferro que já foram definidas em outras regiões, como no Japão e na Coreia do Sul, o que indica que a Vale e outras mineradoras estão obtendo sucesso em instalar um novo modelo de preço, com reajustes trimestrais.
A Vale, assim como a BHP Billiton e a Rio Tinto, decidiram abandonar o sistema anterior de preços anuais (benchmark) e partir para contratos trimestrais com aumentos que deixam o minério contratado mais próximo do nível de preço do mercado disponível (spot).
A Eurofer, associação que reúne siderúrgicas europeias, havia criticado a mudança e acusado as mineradoras de abusar de sua posição de dominância no mercado de minério. A China engrossou o protesto.
Nesta quinta-feira, o diretor de Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, disse em reportagem no jornal O Estado de S.Paulo que todos os clientes da empresa já fecharam acordos trimestrais, incluindo os europeus e os chineses, e que a partir de agora haverá reajustes automáticos com base na variação média do preço do minério no mercado spot nos três meses anteriores.
Os acordos atuais terminam no final de junho e pode ser que ocorra novo reajuste em 1o de julho.
A ThyssenKrupp, que é parceira da Vale na construção de uma grande siderúrgica no Estado do Rio, a Companhia Siderúrgica do Atlântico, apesar de confirmar o acordo criticou a posição das mineradoras.
"Não há razão econômica conhecida para estas demandas de preço", afirmou a companhia nesta quinta, referindo-se aos aumentos no minério pedidos pelas mineradoras.
A Thyssen acrescentou que vê novos aumentos da matéria-prima em breve e que pretende repassar o custo maior para os preços do aço, já a partir de julho.
Procurada, a Vale não comentou as informações da Thyssen, tampouco confirmou as declarações de Martins.