As áreas de tecnologia da informação (TI) e saúde são as que mais geraram empregos qualificados de nível superior e técnico nos últimos quatro anos.
Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o país gerou 304,3 mil ocupações de nível superior entre 2009 e 2012. Desse total, 49,5 mil 16% do total foram destinadas a analistas de TI. A segunda carreira mais demandada pelo mercado formal foi a de enfermeiros e afins, com 27,3 mil contratações.
No mesmo intervalo, as empresas brasileiras preencheram 402,5 mil vagas de nível técnico. A maior procura foi por técnicos de saúde, com cerca de 100 mil contratações mais que o dobro das vagas geradas para técnicos em eletroeletrônica, em segundo lugar do ranking do Ipea.
A contratação de analistas de TI acompanha o crescimento das empresas desse setor, cujo faturamento avança a taxas de dois dígitos ao ano. E reflete, também, o espaço que esses profissionais vêm ganhando em empresas de outras áreas.
"A automatização cresce em todos os setores. As empresas estão sempre buscando reduzir custos e melhorar seus processos, que podem ficar mais eficientes com a aplicação de soluções que envolvam a tecnologia da informação", explica Sandro Molés, presidente da Assespro-PR, que reúne as companhias de TI do estado.
Apesar dos quase 50 mil empregos gerados nos últimos quatro anos, a demanda continua acima da capacidade do país de formar profissionais qualificados nessa área muitos jovens são contratados antes mesmo de concluir o curso superior.
Mesmo os graduados, no entanto, têm de ser treinados pelas empresas, conta Ricardo Fachin, diretor da curitibana FH Consulting. "A faculdade dá os princípios, mas a dinâmica dos negócios na área de TI é muito grande. As ferramentas, soluções e equipamentos mudam muito rápido, por isso as companhias se habituaram a treiná-los."
Saúde
O crescimento do mercado de trabalho para profissionais de saúde está ligado a uma série de fatores, diz Marcos Ferraz, diretor do Grupo Interdepartamental de Economia da Saúde da Unifesp. "Entre eles, a estabilidade da economia e a ascensão social ocorrida nos últimos 20 anos, e o fato de que a população brasileira está envelhecendo e, portanto, acumulando doenças."
Boa parte da demanda por serviços de saúde está sendo atendida pela iniciativa privada. Segundo Ferraz, as operadoras de saúde vêm absorvendo pelo menos 1 milhão de usuários por ano hoje 48 milhões de brasileiros têm acesso a algum plano.
Medicina lidera o ranking do trabalho
Agência Globo
A medicina é a carreira de nível superior com melhor desempenho trabalhista, considerando os fatores salário, jornada de trabalho, nível de ocupação e cobertura previdenciária.
Na média brasileira, os médicos ganham R$ 6.940,12 e trabalham 42,03 horas por semana. A taxa de ocupação nessa profissão é de 91,81% e a de proteção trabalhista, de 90,72%. Os números fazem parte da publicação "Perspectivas profissionais nível técnico e superior", divulgada ontem pelo Ipea.
Depois de medicina, em um ranking de 48 formações de nível superior, estão odontologia; engenharia civil; engenharia mecânica e metalúrgica; serviços de transportes; estatística; engenharia elétrica e automação; engenharia (outros); setor militar e de defesa. Na base do ranking, com pior desempenho trabalhista, estão religião, filosofia, educação física e turismo.
O presidente do Ipea e ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri, afirmou que as carreiras no topo do ranking têm indicadores que refletem escassez de profissionais. Se a jornada é alta, disse, esse é um sinal claro de que faltam trabalhadores, o que prejudica o bem-estar dos profissionais.
"Se tudo [indicadores] é alto, esses são sinais inequívocos de que faltam aqueles profissionais. As instituições, sejam privadas, sejam públicas, deveriam direcionar esforços para essa área. Tanto é que é isso que tem sido feito tanto no caso de engenheiros quanto de medicina", afirmou.
O ministro disse que o Brasil vive um "bom problema", o de falta de profissionais. "É um problema melhor do que a crise de desemprego. A gravidade é que para formar pessoas demora tempo", disse.
Neri afirmou que o estudo baseado em dados do Censo Demográfico 2010 do IBGE vem sendo desenvolvido há algum tempo e não busca subsidiar a política do governo Dilma Rousseff de atrair médicos. No entanto, ressaltou a escassez de profissionais no setor.
Medicina, Odontologia e Engenharia e setor militar aparecem entre as carreiras com melhores perspectivas profissionais, segundo ranking preparado pelo Ipea. Ranking de carreiras universitárias e mercado de trabalho
Com base no Censo 2010, o Ipea cruzou dados de salário, jornada, taxa de ocupação e cobertura previdenciária de graduados em 48 áreas. As carreiras com as melhores perspectivas profissionais estão no topo do ranking.