Cooperação tecnológica e integração regional deverão ser os principais temas das conversas sobre o álcool combustível entre brasileiros e norte-americanos, no mês que vem. Mais conhecido como etanol nos Estados Unidos, o álcool – que atravessa sua fase mais popular no Brasil, com produção e consumo em alta – será o assunto mais importante na visita do presidente norte-americano George W. Bush ao país, no próximo dia 8. Produzido a partir de fontes vegetais e bem menos poluente que os derivados do petróleo, o combustível está no centro das atenções desde que Bush anunciou, em janeiro, a intenção de substituir 20% do consumo de gasolina nos EUA por biocombustíveis, principalmente etanol, até 2017.

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O anúncio animou usineiros brasileiros, que sonham em ampliar suas exportações para lá. Embora em 2006 tenham ultrapassado o Brasil, pela primeira vez na história, em volume de produção de álcool, os EUA não são auto-suficientes e precisam importar para atender sua demanda. O Brasil, por outro lado, tem sobra de produção e foi o principal fornecedor do país no ano passado. No entanto, os norte-americanos já deixaram claro que não vão atender à principal reivindicação dos produtores brasileiros. Segundo eles, a sobretaxa imposta ao álcool brasileiro nos EUA, renovada no fim do ano passado e válida até o fim de 2008, não será nem sequer debatida.

A pauta do encontro – que deve levar à assinatura de acordos entre os dois países – deverá ficar limitada a questões como cooperação tecnológica, investimentos conjuntos na América Central e Caribe e a formação de um mercado internacional de álcool, que assim se tornaria uma commodity, tal como o petróleo e a soja. Em tese, são assuntos que atendem muito mais aos interesses norte-americanos. Mas que, mesmo assim, têm sido vistos com bons olhos por analistas e representantes do setor sucroalcooleiro no Brasil.

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"Temos a necessidade de transformar o álcool em commodity. A formação de um mercado internacional é um movimento bem visto porque dá segurança ao produtor e ao comprador", diz o superintendente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar), Adriano Silva Dias. Para a economista Amaryllis Romano, da consultoria Tendências, a criação de um mercado internacional está muito próxima de ser concretizada, possivelmente ainda em 2006. "É coisa simples, questão de especificar os padrões técnicos do etanol, objetivo comum aos dois países. O mais difícil nessas situações é haver vontade política, e isso já existe."

O Brasil, que tem a cana-de-açúcar como matéria-prima, e os EUA, que usam o milho, são responsáveis por cerca de 70% do etanol do mundo, e pensam em incentivar sua produção em outros países, principalmente na América Central e Caribe – provavelmente a partir de cana, que se adapta bem à maior parte dos territórios abaixo dos EUA. Assim, o mercado mundial deixaria de ser um "campeonato de dois times só." Para o Brasil, o aspecto mais interessante de se investir no Caribe seria a possibilidade de "exportar conhecimento", vendendo tecnologia e equipamentos para a indústria e prestando consultoria no desenvolvimento dos projetos.