O juiz Éverton Luiz Penter Correa, da Vara Cível do Fôro Regional de Campo Largo, deferiu ontem o processamento da recuperação judicial da fabricante de motores TMT Motoco do Brasil. A empresa é subsidiária da montadora de pequenas máquinas agrícolas Tecumseh Products Company, dos Estados Unidos, para onde vai quase a totalidade dos motores produzidos em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, sede da TMT.
Na noite de ontem, diretores da fábrica brasileira conversavam com a controladora norte-americana para decidir como será conduzido o processo de recuperação. A empresa tem 60 dias para apresentar a seus credores um plano que prove ser possível sua sobrevivência. Um administrador judicial acompanhará o processo. Com o deferimento da recuperação judicial, as ações de execução contra a TMT ficarão suspensas por 180 dias, o que pode dar fôlego à empresa para que ela volte a produzir.
A fábrica da TMT parou há cerca de duas semanas, depois que uma conta da empresa foi penhorada, o que impossibilitou o pagamento de fornecedores e funcionários. Os cerca de 860 trabalhadores da TMT (ela é a maior empregadora de Campo Largo) estão de férias coletivas.
A dívida da TMT junto a cinco bancos no Brasil gira em torno de R$ 180 milhões, e desde o final do ano passado a empresa tenta renegociar com os credores o alongamento do prazo para pagamento. A desvalorização do dólar frente ao real é apontada pela empresa como a principal causa da crise econômico-financeira que atravessa. Até o momento, a empresa só se manifestou por meio de sua assessoria de imprensa.
O Unibanco, um dos credores da TMT, negou que tenha executado contratos de antecipação de câmbio contra a empresa de Campo Largo, como foi informado na edição de ontem da Gazeta do Povo. Segundo nota do banco, "o Unibanco negocia amigavelmente com a TMT um crédito que assumiu por ser o fiador de uma dívida contraída pela empresa no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a qual a TMT não honrou". A nota informa ainda que a intenção do banco é de cooperação para a recuperação da TMT "e pela manutenção dos empregos que gera".