Desemprego Sindicato diz que não há vagas no estado

O Paraná não tem condições de absorver a massa de desempregados que deve se formar com o fim das atividades da TMT Motoco em Campo Largo, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC). Segundo o diretor Nélson Silva de Souza, somados aos indiretos, eram 1,3 mil trabalhadores.

"A GL Eletroeletrônicos, que fabrica componentes para chuveiros, está contratando. A gente sabe que um pouco dos trabalhadores migram. Mas vai ter um impacto grande para o Paraná e principalmente para Campo Largo. Vão ser 1,3 mil pais de família que estavam empregados e têm agora três meses para correr atrás de emprego."

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Empresa ocupa antiga montadora da Chrysler

A TMT Motoco foi fundada em setembro de 2002 e começou a produzir em novembro de 2003. A empresa ocupou a fábrica deixada pela montadora germano-americana Daimler Chrysler, que havia fechado as portas em setembro de 2001, após menos de três anos de produção das picapes Dakota, que não venderam como o esperado.

Para se instalar em Campo Largo, a TMT recebeu como incentivo da prefeitura uma lei que a desobriga de pagar IPTU por dez anos. Ao contrário da Chrysler, que deixou mais de 200 desempregados, não houve isenção de tributos estaduais para a TMT.

A TMT Motoco do Brasil, fábrica de Campo Largo que produz motores para a norte-americana Tecumseh Products Company, encerrou nesta quarta-feira suas atividades e anunciou a demissão de 680 funcionários, que já estavam em férias coletivas desde o mês passado, quando a produção foi interrompida. A empresa, maior empregadora metalúrgica do município da Região Metropolitana de Curitiba, atravessa uma grave crise financeira desde o final do ano passado, com uma dívida de R$ 180 milhões junto a cinco bancos no Brasil. Embora a TMT ainda tente se reerguer com um processo de recuperação judicial – deferido pela Justiça mas que ainda depende de aprovação dos credores –, as demissões anunciadas ontem significam que, no curto prazo, a linha de produção continuará parada. "O gasto com rescisão é enorme. Se ela está fazendo isso é porque realmente não pensa em voltar a produzir nos próximos três meses", diz Nelson Silva de Souza, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC).

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A interrupção da linha da TMT, no mês passado, foi ocasionada pelo bloqueio da conta corrente da fábrica usada para o pagamento de fornecedores, após o questionamento de dívidas da empresa na Justiça. Esta conta foi desbloqueada no último dia 4, mas, de acordo com a assessoria de imprensa da TMT, a produção é inviável no momento porque não há demanda por parte da controladora norte-americana, já que os clientes da Tecumseh teriam cancelado pedidos. Praticamente a totalidade dos motores produzidos em Campo Largo servem para equipar pequenas máquinas agrícolas, como cortadores de grama e limpadores de neve, vendidos nos EUA. Os diretores da TMT não se pronunciaram ontem.

Nos Estados Unidos, o porta-voz da Tecumseh, Roy Winnick, informou à Gazeta do Povo que a situação da TMT envolve um grande número de fatores, entre eles a demanda por produtos. "Há uma quantidade considerável de estoque produzido pela TMT Motoco, nos Estados Unidos e a caminho. [A situação da TMT] não é um problema imediato para a Tecumseh, mas obviamente ao longo do tempo alguns arranjos terão que ser feitos para suprir qualquer produto que a Tecumseh precise para atender à demanda", afirmou o porta voz. A solução para o problema, segundo Winnick, pode envolver a transferência das operações da TMT para outra unidade de produção. "Tudo isso será avaliado dentro dos próximos 60 dias, como parte do plano de reestruturação da TMT", concluiu o porta-voz da Tecumseh.

A desvalorização do dólar frente ao real foi, até o momento, a principal justificativa da direção da TMT para a crise vigente. Como 99% da produção é exportada, houve uma diferença grande entre o resultado previsto pela empresa, que iniciou as atividades com o dólar a R$ 2,90 – tendo se mantido acima dos R$ 3 no primeiro ano de produção –, e o efetivamente alcançado hoje. Ainda assim, o diretor sindical Nelson Silva acredita que pode ter havido erro de planejamento. Nos últimos dois anos, a TMT trocou cinco vezes de diretor. O último, Richard Streck Neto, assumiu há dois meses, no auge da crise.

"A gente não pode ficar só falando que foi por causa do dólar ou dos bancos. Se fosse assim todas as outras empresas fechariam também. Com certeza algum planejamento no passado foi feito errado", afirma Silva. Na opinião dele, uma empresa com as mesmas características (produção para uma controladora nos EUA que tem unidades em outros países) deveria oferecer mais garantias ao governo e aos trabalhadores quando da sua instalação no Brasil. "O empresário lá nos Estados Unidos quer lucro, e vai comprar da fábrica que puder dar a melhor condição para ele", raciocina.

A TMT vai manter 24 funcionários da administração nas instalações de Campo Largo. A fábrica pode servir para pagar credores caso o plano de recuperação não tenha sucesso, informou a assessoria de imprensa. A rescisão dos demais trabalhadores, cujas férias coletivas terminam na sexta-feira, começa na segunda-feira. Também na segunda, às 8 horas, o SMC vai realizar assembléia em frente à sede da empresa para orientar os trabalhadores quanto ao processo de rescisão. Dos Estados Unidos, a Tecumseh garantiu dinheiro à TMT para pagar as rescisões e estender o plano de saúde dos funcionários por três meses. O SMC trabalha para conseguir mais garantias.

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