A entrada da fábrica, no Pinheirinho: no fim do ano, estoques de matéria prima já não vinham sendo repostos| Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo

Parceria livrou a empresa de fechar em 2006

A Todeschini Alimentos foi fundada em 1885, pelo imigrante italiano Giuseppe Todeschini. A empresa continuou com a família por gerações até começar a enfrentar dificuldades de gestão e uma maior concorrência, em 2002.

A crise se intensificou em 2006. A saída encontrada para não fechar as portas foi uma parceria com a Imcopa, processadora de óleo e farelo de soja com sede em Araucária. À época, o dono da Imcopa, o empresário Frederico Busato Junior, teria se sensibilizado com a possibilidade de fechamento da Todeschini e se juntou a mais cinco investidores para recuperar a empresa.

Criaram a AC Alimentos e Condimentos, que, separada do passivo da Todeschini, passou a ser responsável pela administração, fornecimento de matéria-prima e comercialização dos produtos da empresa.

Nos telefones da AC, a reportagem foi informada que "não havia ninguém responsável pela Todeschini no momento". Na Imcopa – que pediu recuperação judicial no mês passado –, a informação era de que Busato Junior não estava e que não poderia ser contatado sobre a Todeschini ali.

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A Todeschini Alimentos, empresa paranaense centenária que produz massas, biscoitos e bolachas, está de portas fechadas. Segundo informações de funcionários e também de seguranças que cuidam da fábrica, localizada no bairro Pinheirinho, às margens da Linha Verde, em Curitiba, as atividades estão paradas desde o dia 22 de dezembro, quando começou o período de férias coletivas.

Os 336 funcionários deveriam retornar às atividades no dia 7 de janeiro, mas encontraram os portões fechados e foram comunicados que a empresa esperava por uma "parceria estratégica" para poder voltar a funcionar.

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Na última segunda-feira, no entanto, eles foram chamados para a comunicação definitiva de fechamento da fábrica e foram dispensados. "Disseram que vão liberar o fundo de garantia, mas que o restante dos nossos direitos teremos de buscar na Justiça. Também não recebemos o salário de janeiro ainda", diz um dos trabalhadores, que atuava na empresa há mais de 20 anos e não quer se identificar.

No local da fábrica, não há mais ninguém na área administrativa que responda pela empresa. Os seguranças informaram a reportagem que o advogado Jorge Domingos Neto, com escritório na região central da capital, seria o representante legal da Todeschini e da família que comanda a empresa há quatro gerações. Procurada na tarde hoje, porém, Domingos Neto informou, por meio de sua secretária, que está em viagem em São Paulo e que não está autorizado a falar sobre o assunto.

O Sindicato da categoria, o STIP, por sua vez, confirmou que sabe do ocorrido, mas também não quer se pronunciar. Por ora, espera que o salário dos funcionários seja pago até esta sexta-feira, dia 8. A rescisão dos trabalhadores deve ser feita de uma só vez, no próprio sindicato. Não haveria mais ninguém na empresa para fazer essa tarefa.

Os funcionários que conversaram com a reportagem dizem que em nenhum momento foram comunicados da possibilidade de fechamento da fábrica antes da saída para as férias coletivas. "Em um dado momento desconfiamos um pouco que algo não andava bem porque percebemos que a matéria prima e os estoques estavam acabando e não estavam sendo repostos. Mas nos disseram que era coisa de balanço, de renovação de estoque para o ano seguinte", disse um deles.