O empregado doméstico e o tomate, mais uma vez, foram os preços que mais impactaram na prévia da inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15). Na pesquisa realizada nos últimos dias de março e nos primeiros de abril, o índice de preços apresentou alta de 0,51%.
No acumulado de 2013, o índice geral de preços já soma um crescimento de 2,58% e nos últimos 12 meses a alta de 6,51% permanece acima do teto estipulado pelo Banco Central para a inflação no país.
No mês, o tomate registrou alta de 16,62%. Já o gasto com empregados domésticos desacelerou em relação ao mês passado, mas ainda assim cresceu. O aumento, que foi de 1,53% em março, passou para 1,25% em abril.
Considerando o peso de cada item no orçamento médio do brasileiro, as duas altas foram as que mais influenciaram a alta do IPCA-15 e representam um quinto do crescimento geral do índice, que é composto por outros 450 produtos e serviços.
O grupo de alimentos, que vinha pressionando a alta da inflação desde o final de 2012, dá sinais de desaceleração. Em março, os preços de alimentos tinham crescido três vezes mais que o índice geral, com alta de 1,4%, mas na prévia da inflação de abril o crescimento ficou em 1% no mês. Habitação, com alta de 0,68%, e saúde e cuidados pessoais, com 0,63% no mês, também ficaram acima da média da prévia da inflação de abril. Já o recuo de 0,2% do preço da gasolina e de 9,2% das passagens aéreas levou o grupo de transportes a fechar o período com ligeira queda de 0,1% no mês e segurar o índice.
Impacto gradual
A expectativa é de que a inflação oficial se mantenha a patamares elevados ao final de abril, mesmo com a elevação de juros anunciada nesta semana pelo Banco Central. "A elevação dos juros não era a medida mais indicada e a política de desonerações ainda vai levar uns três meses para reaproximar a inflação para o centro da meta", afirma o economista Luciano DAgostini, professor da Universidade Positivo. Ele projeta que no segundo semestre a inflação acumulada nos últimos doze meses volte para o patamar de 6%.
Falta de mão de obra deve elevar custos de domésticas
Entre os principais itens que lideraram o aumento do ritmo do IPCA-15 em abril, o aumento dos gastos com empregados domésticos não deve parar por aqui. O aumento acumulado nos últimos 12 meses já é de 11,31%, e a escassez da mão de obra deve levar a um aumento sólido com este tipo de gasto.
"Já houve uma época em que 10% da mão de obra feminina era de empregadas domésticas. Hoje, a procura por esse tipo de profissional é muito maior, o que garante o aumento da base salarial da classe", afirma o economista Fábio Araújo, da Brain Consultoria.
De acordo com o economista Luciano DAgostini, professor da Universidade Positivo, nem mesmo o alto comprometimento da renda das famílias com a quitação de dívidas ameaça a demanda crescente por este tipo de mão de obra. "É um gasto que nem mesmo as famílias de classe média mais endividadas abrem mão. Isso deve pressionar a inflação dos próximos meses", afirma o economista.
Fim da febre
Por outro lado, o comportamento dos alimentos que têm pressionado o índice, como tomate e cebola, deve ser menos preocupante nos próximos meses. "São produtos sazonais, com aumentos e quedas naturais de preço. A influência no índice tem que ser relativizada e até a metade do ano devem deixar de pressionar o IPCA para cima", afirma DAgostini.
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