O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, garante que não há tolerância no governo com a inflação. Em entrevista exclusiva ao Grupo Estado nesta quarta-feira, Tombini afirmou que a presidente Dilma Rousseff pediu a ele para esclarecer o mercado de que "qualquer implicação na fala dela hoje, de que há tolerância com a inflação, é uma interpretação equivocada".

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Mais cedo, na África do Sul, em encontro de chefes de Estado dos Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, Dilma declarou que "não acredita em políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico". A fala reduziu as apostas de alta da Selic, a taxa básica da economia. Os juros futuros caíam desde a abertura do mercado e acentuaram a baixa após as palavras da presidente.

Segundo Tombini, a presidente mencionou que "o governo não sacrificará o crescimento para colocar inflação no lugar, porque isso não é necessário". Em seguida, reafirmou a consistência da política monetária. "O que posso assegurar a vocês é que, se e quando for preciso usar o instrumento de política monetária para o controle da inflação, isso ocorrerá. Como tenho afirmado inúmeras vezes nas últimas quatro ou cinco semanas."

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O presidente do BC negou-se a comentar o comportamento da inflação. "Não vou fazer julgamentos e considerações sobre inflação", disse, acrescentando que o importante era atender à solicitação da presidente. "Ela pede para que o mal-entendido seja desfeito: não há tolerância com a inflação. E quando o BC precisar fazer esclarecimentos, assim o fará."

Os questionamentos ocorreram após Dilma ter afirmado que deixa para o ministro da Fazenda comentar sobre pressões inflacionárias. "De inflação quem fala é a equipe econômica, BC e Fazenda. Em relação à política de juros quem fala é o BC", disse Tombini. Ele fez questão de afirmar que a presidente Dilma não fez menção à política monetária. E reforçou a preocupação da presidente em deixar claro "que nas palavras dela em nenhum momento havia sentimento de tolerância com inflação, nenhuma referência à política monetária".