O principal índice da Bolsa brasileira fechou esta sexta-feira (9) no vermelho, acompanhando o mau humor dos mercados internacionais, que repercutiram a piora no nível dos salários no mercado de trabalho americano em dezembro, apesar da criação de vagas ter superado as expectativas de analistas.
A forte queda das ações de bancos e do setor elétrico ampliou ainda mais a perda do Ibovespa, que encerrou o pregão em baixa de 2,21%, para 48.840 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,209 bilhões. Mesmo com desempenho negativo no dia, o índice acumulou ganho de 0,68% na semana.
"O Ibovespa subiu 5,1% nos últimos três dias. Por isso, os investidores também aproveitaram para vender papéis e colocar dinheiro no bolso. Em nenhum momento desde novembro o Ibovespa conseguiu fazer mais que três dias seguidos de alta. O investidor entendeu que era hora de realizar lucros", disse Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer.
Bancos
O setor bancário, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, teve queda. Na última quinta-feira (8), a agência de classificação de risco Fitch Ratings avaliou em relatório que os bancos podem ter que aumentar suas provisões para empréstimos a companhias envolvidas na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, o que poderia prejudicar seus lucros.
Reportagem publicada pelo jornal "Valor Econômico" nesta sexta-feira mostrou que cinco grandes bancos (Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e HSBC) terão que explicar por que comunicaram apenas parte das operações financeiras suspeitas na investigação da Lava-Jato às autoridades.
"É um novo setor que pode ser prejudicado pelas denúncias da Lava-Jato. Há um risco de que essa operação da PF em andamento ainda afete negativamente outros setores, o que amplia o sentimento de aversão ao risco entre os investidores", afirmou Wolwacz.
As ações do Itaú perderam 4,37%, para R$ 34,77. O papel preferencial do Bradesco, sem direito a voto, recuou 4,34%, para R$ 35,47. Já o Banco do Brasil cedeu 4,33%, para R$ 22,54.
O Santander Brasil teve baixa de 3,03%, para R$ 12,80, também afetado pela queda de mais de 14% de seu controlador espanhol, na Bolsa de Madri, após o Santander Espanha ter anunciado aumento de capital e corte em dividendos (parte do lucro distribuída aos acionistas).
Câmbio
O dólar fechou em queda de mais de 1% ante o real pelo segundo dia seguido nesta sexta-feira, após a inesperada queda dos salários nos Estados Unidos em dezembro reforçar apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, vai ser "paciente" para elevar os juros.
A moeda norte-americana recuou 1,25%, a R$ 2,6390 na venda, após atingir R$ 2,6270 na mínima da sessão. Com isso, a divisa fechou a semana em queda de 1,99%.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de R$ 2 bilhões.