Instituto busca parceiros para financiar atividades
Criado em 2009, o Instituto Brasileiro de EcoTecnologia (Biet) sofre com a falta de recursos para realizar suas atividades. Embora tenha uma lista de parcerias institucionais, como a própria prefeitura de Curitiba, por meio da Agência Curitiba de Desenvolvimento S/A e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o Biet precisa fechar acordos que lhe garantam verbas mensais. Todo o recurso vem hoje da própria venda dos materiais o que, segundo o presidente da entidade, Maurício Beltrão Fraletti, não é suficiente.
Fraletti prefere não revelar números, mas diz que mesmo pequenas contribuições poderem ajudar o instituto a destinar corretamente os materiais que recebe, ampliar sua capacidade de atuação e, principalmente, colocar em práticas os projetos de inclusão digital e tecnológica. "Somos hoje em cinco pessoas. Precisaríamos ter pelo menos oito só para trabalhar no barracão", diz.
Uma primeira parceria foi fechada recentemente com a Hi Tecnology, empresa instalada no Tecpar, em Curitiba. Segundo o presidente, o valor inicial da doação é simbólica. Mas a expectativa é que ela chegue a arcar com os custos de um funcionário em menos de um ano.
Destino
Todo material recebido pelo Biet passa por uma triagem. O que está em pleno funcionamento é guardado para ser reaproveitado pelo próprio instituto ou por outras entidades. Outra parte é desmontada e encaminhada para as empresas especializadas em cada tipo de reciclagem (como plástico, cobre ferro e outros componentes).
A ambição de Fraletti é encontrar parceiros entre universidades e empresas privadas também para desenvolver tecnologias próprias de reciclagem. É o caso, por exemplo, dos tubos de monitores antigos para computadores. "Eles são feitos da combinação de dois tipos de vidro que precisam ser separados, assim como o pó de metais pesados e fósforo. Ainda não se sabe como descontaminar essas peças para serem reaproveitadas." (CS)
Efetividade da lei depende de acordo setorial
Para ter um efeito prático, a lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ainda depende de um acordo setorial que começou a ser elaborado em abril deste ano, com a criação de um comitê do governo federal que ficou responsável pelo trabalho de implementação da nova política de descarte de lixo no país.
Com as portas fechadas desde o fim do carnaval, o barracão do Instituto Brasileiro de EcoTecnologia (Biet) voltou a receber doações na última semana. Principal iniciativa envolvendo reciclagem de materiais eletrônicos no estado, a entidade precisou desse tempo para organizar as toneladas de mouses, teclados, televisores e até batedeiras que se empilhavam no seu barracão instalado no Sítio Cercado.
"Recebemos alguns carregamentos que não estavam agendados e o barracão ficou completamente lotado. Não era possível entrar mais nada", conta o presidente e criador do Ibet, Maurício Beltrão Fraletti. O engenheiro civil não sabe ao certo quantos equipamentos estão lá é um trabalho que a enxuta equipe de cinco pessoas não consegue fazer , mas estima algo em torno de 20 toneladas.
As montanhas de equipamentos que o Biet recebe dão uma noção do enorme problema que o desenvolvimento tecnológico trouxe junto com o conforto muito "lixo" eletrônico. Estima-se que, em média, cada brasileiro produza 500 gramas de desse tipo de descarte por ano. Parece pouco? Na China, onde se imagina que há um impacto muito maior, o volume por habitante é de cerca de 200 gramas anuais.
Na última semana, a aprovação da lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) completou um ano. Porém, ainda não existem regras específicas para o descarte deste tipo de material. A demora ocorre, principalmente, por causa da burocracia e por falta de uma definição legal. A lei obriga fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de eletrônicos a criar uma rede de coleta e destinação de aparelhos usados mecanismo chamado de logística reversa. Ela não define, no entanto, os detalhes de como isso deve ser feito.
O que se vê são iniciativas pontuais de algumas indústrias, e ações da sociedade civil organizada como é o caso do Biet. Cabe aos brasileiros recorrerem a alternativas para descartar computadores, impressoras, celulares, e outros eletrônicos usados. Os aparelhos estragados ou substituídos por versões mais modernas que perdem o valor dentro de casa, mas podem ser valiosos para outros usuários, ou mesmo para a própria indústria, quando reciclado. Além disso, quando isso não acontece, podem significar um risco à natureza e às pessoas.
"Esses equipamentos contaminam o solo e a água principalmente com metais pesados, como o chumbo e o cádmio", explica o presidente do Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (IBDS), Carlos Renato Garcez do Nascimento. Além do próprio entulho em si, esses materiais podem causar uma série de problemas de saúde.
Segundo Nascimento, entre 1% e 3%, apenas, dos resíduos eletrônicos são reciclados atualmente no Brasil. Com a assinatura de um acordo setorial que determine as regras e metas para o plano nacional (leia mais na matéria abaixo), o presidente do IBDS acredita que será possível dobrar esse montante no prazo de dois anos. "É uma questão de educação e conscientização dos brasileiros. E uma parte disso depende das ações das empresas."
Serviço: O Biet recebe doações de eletroeletrônicos apenas com agendamento prévio. Informações e agendamento pelo e-mail falecom@biet.org.br
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