O número de campanhas de recall que são feitas pelas empresas sempre que um produto apresenta defeito e coloca em risco a saúde e a segurança dos consumidores mais que dobrou no Brasil nos últimos oito anos. É o que mostra um levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Justiça. Somente em 2011, foram feitos 75 recalls no país. Veículos e motocicletas lideraram a lista, com 41 e 14 campanhas, respectivamente. O número foi muito semelhante ao de 2010, quando as empresas fizeram 77 convocações.
Os recalls de produtos alimentícios e de higiene pessoal foram os que mais cresceram neste ano. No segmento, foram 17 chamamentos para troca de produtos ante sete registrados no ano passado um aumento de 143%. Os segmentos de veículos e motocicletas, por sua vez, continuam como líderes de recalls. No ano foram, respectativamente, 41 e 14 chamados.
Na avaliação da diretora do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), Juliana Pereira, o aumento do número de recalls é um sinal de que o mercado nacional começou a se conscientizar da importância desse tipo de procedimento. "Quando há o reconhecimento de eventual risco para o consumidor, a realização da campanha de chamamento elimina o risco e pode evitar acidentes de consumo", explica a diretora do DPDC.
Mas o crescimento do número no Brasil não significa que o país não precise avançar no tema. Nos Estados Unidos, por exemplo, foram anunciadas nada menos que 60 campanhas de recall somente no mês de dezembro.
Juliana lembra que fazer o recall é uma obrigação das empresas que está prevista no Código de Defesa do Consumidor (CDC). Quando uma falha é detectada, elas precisam fazer uma ampla divulgação do problema para alertar os consumidores em rádios, tevês e jornais e consertar ou trocar o produto sem qualquer custo para os clientes. Outra obrigação prevista no CDC é que as autoridades de defesa do consumidor sejam avisados da campanha.
De 2003 a 2011, disparou o número de modelos de motocicletas que precisaram de recall. Há oito anos não houve nenhuma ocorrência, enquanto neste ano foram 14 casos. Outra curiosidade é que em 2011 não houve recall de medicamentos, brinquedos ou produtos de informática, segundo o Ministério da Justiça.