Os 430 funcionários da Tritec Motors, fabricante de motores instalada em Campo Largo, podem entrar em greve a partir da próxima terça-feira. Eles não gostaram da proposta de reajuste salarial apresentada pela empresa e prometem paralisar as atividades caso a oferta não melhore até o fim desta semana. A ameaça é mais um problema enfrentado pela companhia, que há 20 dias se encontra em meio a uma onda de especulações sobre a possível venda de sua estrutura para a montadora chinesa Lifan.
A data-base da convenção coletiva dos empregados da Tritec é 1.º de março. Em 15 de fevereiro antes, portanto, da notícia sobre a Lifan , eles entregaram à direção sua proposta salarial, pedindo o repasse da inflação medida pelo INPC nos últimos 12 meses, mais um aumento real de 13%. Além disso, solicitaram que o valor do vale-alimentação, hoje em R$ 80, fosse duplicado. A contra-proposta apresentada pela Tritec na semana passada prevê apenas o repasse do INPC e um aumento de R$ 10 no valor do vale-alimentação.
"Essa proposta é irreal, muito pouco perto dos reajustes anteriores. No ano passado, por exemplo, tivemos 4% de aumento real", diz Adriano Carlesso, presidente do Sindimovec, sindicato que reúne os trabalhadores da fábrica. "Temos uma assembléia marcada para segunda-feira, e vamos aguardar até sexta-feira por um novo posicionamento da Tritec. Dependendo da resposta da empresa, podemos paralisar as atividades na terça." Em nota, a Tritec avisou que amanhã fará uma nova reunião com o sindicato, na tentativa de fechar um acordo.
Lifan
O objetivo da montadora chinesa Lifan que desde janeiro utiliza o motor 1.6 fabricado pela Tritec é comprar a fábrica e transferir todas as máquinas para Chongqing, no Oeste da China, onde fica sua sede. Desde que a idéia foi divulgada, na edição de 17 de fevereiro do jornal "The New York Times", a direção da Tritec vem reiterando que a empresa não está à venda. As montadoras BMW e Daimler-Chrysler, controladoras da Tritec, também não confirmam que a fábrica esteja sendo negociada. A Lifan, por outro lado, tem repetido na imprensa internacional sua firme intenção de começar a fabricar os motores na China até 2008.
A eventual permanência da planta em Campo Largo não significará, de imediato, dias mais tranqüilos para os funcionários da Tritec, sexta maior exportadora do Paraná. O maior desafio da empresa é encontrar novos clientes, já que a BMW que detém 50% do capital da fábrica vai sair do negócio em 2007, quando termina a joint-venture firmada com a Daimler-Chrysler em 1996. Hoje, a grande maioria dos 180 mil motores produzidos anualmente é destinada à BMW.