Em assembleia realizada nesta quinta-feira (12), os trabalhadores da Volvo recusaram uma proposta de acordo da montadora e decidiram manter paralisadas as atividades na fábrica em Curitiba. A empresa propôs aos funcionários um Plano de Demissão Voluntária (PDV) com adesão até o fim deste mês e aceitou diminuir o número de demissões de 400 para 250 pessoas, todos do chão de fábrica.
A proposta foi apresentada pela Volvo ao Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) na manhã desta quinta-feira. O objetivo seria fazer um PDV para os trabalhadores que atuam na produção com adesão até o dia 31 de maio. Os funcionários que viessem a aderir receberiam de 1,5 a 4 salários, aviso prévio, verbas rescisórias com garantia de R$ 15 mil, adiantamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e seguro-desemprego extra.
Também teriam isenção de imposto de renda e quitação da rescisão. Com a proposta, a montadora esperava a adesão de 250 trabalhadores, segundo o sindicato. Caso o número não fosse alcançado, a partir de 1.º de junho seria implantado o Plano de Demissão Involuntário (PDI), em que seriam demitidos funcionários por redução do volume de produção. Nesse caso, eles perderiam o direito à isenção de imposto de renda, quitação da rescisão e seguro desemprego extra.
Os trabalhadores da Volvo recusaram a adesão ao PDV em assembleia que terminou no início da tarde desta quinta-feira. Foram 1.102 votos de funcionários do chão de fábrica, sendo 645 contra, 452 a favor e cinco votos em branco.
Uma nova reunião está marcada para esta sexta-feira (13) para definir os rumos do movimento. Até lá, as atividades da fábrica localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) seguem paradas.
Dezembro
A orientação do sindicato foi para que os trabalhadores votassem contra o acordo apresentado pela montadora. Segundo Sérgio Butka, presidente do SMC, o sindicato luta pela manutenção dos empregos pelo menos até o fim deste ano, para ver como a economia reage após o afastamento por até 180 dias de Dilma Rousseff.
O sindicato quer que a empresa amplie o período de adesão do PDV para até dezembro ou opte pelo regime de layoff ou pelo Programa de Proteção ao Emprego (PPE) do governo federal. “Neste ano a empresa não quer estender o PDV até o fim do ano, como aconteceu em 2015. Mesmo que tenha demissão em dezembro, seriam mais seis meses de emprego para os trabalhadores”, afirma Butka.
O sindicato ainda não apresentou uma proposta formal à montadora, mas se propõe a postegar o reajuste de data base previsto para setembro e abrir mão do PLR em troca da manutenção dos empregos. Em nota, a Volvo afirma que ofereceu medidas de flexibilização do trabalho, como a utilização de banco de horas e negociação da data base em setembro.
O sindicato também teme que, após as 250 demissões, mais 150 novos desligamentos sejam feitos pela montadora. A Volvo conta com 3.200 trabalhadores, sendo 1.700 na produção e 1.500 nas demais funções.
Queda nas vendas
A paralisação começou na terça-feira (10), após a montadora comunicar ao sindicato que queria demitir até 400 funcionários, entre pessoal do chão de fábrica e da área administrativa. Em nota, a Volvo confirmou que propôs o PDV aos trabalhadores e que aceitou diminuir o número de demissões de 400 para 250 pessoas.
Segundo a empresa, o acordo visa amenizar os impactos da crise econômica sobre o setor de transportes. “No segmento onde a Volvo atua, as vendas de caminhões pesados caíram cerca de 60%, a maior queda desde que a companhia se instalou no Brasil, no final dos anos 70”, afirma a nota.
De acordo com a Anfavea, que reúne as montadoras brasileiras, as vendas de caminhões da Volvo caíram 24,1% nos quatro primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2015. A montadora vendeu 2.067 caminhões de janeiro a abril, contra 2.725 comercializados nos quatro primeiros meses do ano passado, período que já havia sido de vendas magras.
Para efeito de comparação, de janeiro a abril de 2014, a Volvo vendeu 6.253 caminhões. Segundo informações do sindicato, desde o ano passado a montadora trabalha com apenas 1.º turno e com 50% da capacidade instalada da fábrica.
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