Os trabalhadores do Porto de Santos começaram a sentir reflexos da crise internacional. Essa semana, dois terminais demitiram 120 portuários e outras 50 pessoas tiveram seus contratos suspensos por pelo menos cinco meses. O Sindicato dos Aquaviários e Trabalhadores dos Terminais Portuários (Settaport) afirma que as demissões trouxeram incerteza e insegurança ao setor, que no primeiro semestre contabilizou, em Santos, 827 demissões em terminais portuários, agências marítimas e armadores.
Segundo o Settaport, a empresa que mais demitiu até agora foi a Santos Brasil, administradora do maior terminal de contêineres do País, na margem esquerda do porto, no Guarujá. Na última quarta-feira, a operadora portuária demitiu 83 funcionários do setor operacional e suspendeu o contrato de trabalho de outros 50, que poderão ou não ser reconduzidos ao cargo de origem em cinco meses. Nesse período, esses trabalhadores receberão cestas básicas, auxílio-alimentação, seguro saúde e cerca de R$ 850 por mês do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
As demissões na Santos Brasil ocorreram um dia após o término do plano de estabilidade acordado com o sindicato em fevereiro e segundo a assessoria de imprensa da empresa foram "uma questão de reestruturação diante de uma nova realidade existente com a crise". Com 301.286 TEUs (unidade equivalente a contêineres de 20 pés), a movimentação de contêineres do terminal caiu 23,6% no primeiro quadrimestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Também na quarta-feira, o Terminal de Contêineres da Margem Direita (Tecondi) demitiu 37 funcionários, segundo o Settaport. A empresa, porém, informa que as demissões não são cortes e que apenas está reorganizando seu organograma e para isso efetuando demissões e admissões.
"O mercado está fraco. Teve uma queda no comércio exterior e as demissões foram motivadas pela famosa crise, mas a gente entende que não foi para tanto. Na realidade a gente tem visto que deu uma melhora. Mas a gente se questiona se eles seguraram até agora e já passaram pelo pior, por que demitir agora?", afirmou o presidente do Settaport, Francisco Nogueira. Mobilizados, os trabalhadores agendaram uma assembleia no Settaport para a próxima segunda-feira. Entre as propostas que serão discutidas, está a de que a Santos Brasil transforme as demissões em suspensão de contrato.
A deputada estadual Maria Lucia Prandi (PT-SP) participa das negociações. Ela afirma que enviou ofícios para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pedindo apoio aos portuários. "A Santos Brasil arrematou o Terminal de Veículos por R$ 115 milhões e adquiriu novos equipamentos, então não vemos razão pra essas demissões", completando que a empresa tem os lucros acumulados do tempo "das vacas gordas".
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