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Trabalhadores dos Correios rejeitam acordo e greve continua

Trabalhadores dos Correios em Curitiba comemoram decisão de permanecer em greve | Marco André Lima/Gazeta do Povo
Trabalhadores dos Correios em Curitiba comemoram decisão de permanecer em greve (Foto: Marco André Lima/Gazeta do Povo)

Os trabalhadores dos Correios derrubaram o acordo fechado anteontem entre a empresa e o comando de greve e decidiram manter a paralisação, que já dura 21 dias. O texto formalizado entre os diretores dos Correios e os representantes dos funcionários em audiência no Tribunal Superior do Trabalho (TST) precisava ser aprovada por pelo menos 18 dos 35 sindicatos da categoria no país. Entretanto, como mais de 20 sindicatos já negaram a proposta, não há mais como o acordo ser aprovado. "As assembleias avaliaram que negociamos errado, então agora a federação vai seguir em frente e dar sustentação à greve", disse José Rivaldo da Silva, secretário-geral da Fentect (federação dos trabalhadores).

O governo federal e líderes do movimento davam como certo o fim da greve. Mas a situação começou a ser invertida pela manhã de ontem, quando os sindicatos mais influentes – Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo – rejeitaram a proposta. Até o fechamento desta edição, nenhum sindicato havia votado a favor do acordo, refutado também no Paraná. Ainda haveria algumas assembleias na noite de ontem e ao longo desta quinta-feira. Com o impassse, o dissídio da categoria deverá ser julgado pelo TST. "Na segunda-feira deveremos saber da data", diz Cruz.

Proposta

A proposta de consenso previa a reposição da inflação de 6,87%, retroativo a agosto, e um reajuste linear de R$ 80 a partir de outubro. Os 21 dias de greve seriam compensados. Em 15 deles, os trabalhadores atuariam aos sábados e domingos para colocar em dia o passivo de carga atrasada. Os outros seis, que já foram descontados na folha de pagamento de setembro, seriam devolvidos imediatamente aos grevistas, mas haveria um desconto parcelado a partir de janeiro. No início do movimento, a categoria reivindicava aumento salarial linear de R$ 400 a partir de janeiro, reposição da inflação calculada em 7,16% e mais 24,76% referentes a perdas acumuladas desde 1994.

O Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR) orientou os funcionários a não aceitarem a proposta da empresa. A entidade não concordou com o reajuste de 6,87% e também não aceita que haja desconto de nenhum dos dias de greve – mesmo que os dias parados fossem descontados de forma parcelada. Segundo Anderson Baesso, diretor de mobilização do sindicato, os trabalhadores até aceitariam o desconto dos dias parados caso recebessem um reajuste salarial maior. "A empresa não tem o mínimo de respeito com o trabalhador e com a sociedade. Um salário base de R$ 807 não é suficiente para sustentar uma família", argumenta.

Colaborou Fernanda Trisotto.

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