A alta na produção industrial em julho não foi suficiente para estancar a redução de postos de trabalho no setor. O emprego na indústria brasileira caiu 0,7% na passagem de junho para aquele mês, a quarta retração consecutiva, segundo o IBGE. Em julho, a produção industrial chegou a avançar 0,7%, depois de cinco resultados negativos consecutivos. Em comparação ao mesmo mês do ano passado, o recuo na ocupação foi de 3,6%, a maior queda desde novembro de 2009, quando houve baixa de 3,7%. A folha de pagamento dos trabalhadores também decepcionou pelo segundo mês seguido, recuando 3,4% na comparação com o mesmo mês de 2013. Quinze das 18 atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram recuo no país.
INFOGRÁFICO: O número de trabalhadores nas indústrias do Paraná recuou 5,6% em julho
No Paraná, o quadro de trabalhadores assalariados nas indústrias recuou 5,6% em julho na comparação com o mesmo mês de 2013. Foi a queda mais intensa entre todos os estados pesquisados e o sétimo decréscimo consecutivo no emprego industrial no estado, o que significa que nenhum mês de 2014 conseguiu superar a quantidade de contratados em igual período do ano anterior. Além do Paraná, as maiores retrações ante 2013 foram registradas em São Paulo (-5,1%), Rio Grande do Sul (-3,7%) e Rio de Janeiro (-2,9%).
O emprego costuma responder com defasagem em relação à produção, ou seja, qualquer melhora só poderia ser sentida depois de uma sequência de resultados positivos. No entanto, mesmo o número de horas pagas à indústria, que poderia sinalizar algumas contratações futuras, recuou 4,2% em julho em comparação com o mesmo mês do ano passado, a pior queda desde outubro de 2009, quando caiu 5,3%. A queda, no entanto, é bem menos intensa que aquela verificada em outros meses.
Piora no consumo
Na avaliação de Aloisio Campelo Júnior, do Ibre/FGV, a indústria sofre principalmente por causa do esfriamento do consumo pelos brasileiros. "As famílias estão endividadas e reduzindo gastos. Essa desaceleração tem tido maior responsabilidade na situação ruim da indústria do que o cenário externo. As sondagens periódicas que fazemos com o empresariado captam essa insatisfação com o consumo no Brasil", disse ele, citando ainda a crise na Argentina, que provocou queda brusca na exportação de automóveis para o país vizinho.
Luciano Rostagno, economista-chefe do banco Mizuho no Brasil, explicou que o setor também vem sendo impactado pela lentidão econômica em países desenvolvidos. Ao mesmo tempo em que reduz a demanda pelas exportações brasileiras, a crise na Europa e nos EUA acirra o assédio de produtos estrangeiros pelo consumidor brasileiro. "Isso é um problema para uma indústria pouco competitiva como a nossa", disse Rostagno, que prevê contração de 2% na produção este ano.
Colaborou Angieli Maros