Para quem está livre de dívidas, a chegada do 13.º salário pode ser uma boa oportunidade para iniciar uma poupança, ou mesmo "engordar" a existente. O ideal, dizem os especialistas, é separar pelo menos uma parte da renda extra. Um bom destino para esse dinheiro podem ser as aplicações em renda variável seja através de fundos de investimento, ou diretamente em ações.
A melhor opção, no entanto, depende da disposição do investidor ao risco, e do destino que ele quer dar ao dinheiro, explica o consultor de investimentos Raphael Cordeiro. "O objetivo é um fator determinante. Se você pretende usar o dinheiro ainda em 2008, por exemplo, o melhor é optar por aplicações que não tem grandes oscilações." Neste caso, uma boa opção pode ser a tradicional caderneta de poupança, principalmente para pequenos valores, já que esse tipo de investimento é isento de Imposto de Renda e outras taxas.
Já se a opção é investir por um prazo longo, Cordeiro diz que a avaliação precisa ser mais profunda. "As ações têm maior risco, mas tendem a render mais também", diz. "Mas a disposição ao risco varia de uma pessoa para a outra. E isso precisa ser levado em conta."
Para o professor de economia do Centro Universitário Positivo (Unicenp), José Guilherme Silva Vieira, está na hora de o brasileiro arriscar mais. "Por que não? O mercado financeiro é bastante flutuante, mas as perspectivas para o Brasil nos próximos dois ou três anos são muito boas", diz. "Acredito que ainda vamos ter um salto, e quem entrar no mercado agora, vai entrar 'pagando' barato."
Não há um valor mínimo para começar a investir em ações. Em geral esse piso depende da corretora e dos papéis escolhidos. Uma boa opção para quem tem pequenos valores são os fundos ou os clubes de investimento. "Alguns fundos têm aporte mínimo de R$ 100, por exemplo", diz. "Para pequenos valores, muitas vezes não vale a pena investir direto na bolsa porque o trabalho para acompanhar é grande." A taxa de administração desses fundos gira, em média, entre 2% e 3%.
"Para os mais conservadores, a melhor opção são os títulos públicos federais, através do Tesouro Direto", diz o professor da finanças Rafael Pascoarelli. Neste caso, o rendimento varia de acordo com o papel atrelado à Selic ou ao IPCA, por exemplo.
O consultor financeiro Reinaldo Domingos acredita que mesmo quem já é um investidor e está livre de dívidas tem uma "lição de casa" para este fim de ano: definir o destino das suas economias. "É preciso ter um objetivo para poupar. Se não, você fica vulnerável a emoções momentâneas e pode gastar sem planejamento", diz. "Use o 13.º salário para fortalecer seus sonhos e metas", sugere.
Boas compras
Para quem não quer abrir mão de dar presentes, os consultores sugerem ir às compras com a noção de quanto pode gastar. Vale até fazer uma listinha. Livre de dívidas, a administradora de empresas Ana Maria Seixas não abre mão de gastar o 13.º salário com as compras de fim de ano. "Gasto bem, porque adoro dar presentes", diz. "Nos últimos três anos guardei meu 13.º como reserva. Em outros, usei para pagar dívidas. Como não as tenho mais, esse ano também vou investir em casa, reformando a cozinha e o banheiro."