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infraestrutura

Trem-bala não terá franceses na licitação

O embaixador da França no Brasil, Yves Saint-Geours, enviou carta ontem ao ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, comunicando oficialmente que as empresas de seu país estão fora da disputa pelo trem-bala caso o leilão ocorra na próxima segunda-feira. Após análises exaustivas das equipes francesas sobre o projeto, a conclusão foi de que não haveria condições devido aos prazos apresentados de entregar uma proposta "à altura da reputação francesa na área de ferrovia de alta velocidade", diz a carta.

O embaixador lamenta que desta vez os franceses não possam fazer a transferência de tecnologia com o Brasil, como já vem acontecendo em outras áreas. E informa que, se as condições de apresentação de proposta mudarem, as empresas francesas poderão voltar a estudar o projeto. Além da França, a embaixada espanhola também enviou carta ao ministro pedindo adiamento do prazo de entrega de propostas do leilão.

Os japoneses, pioneiros na tecnologia, também não devem entrar no negócio. Uma fonte do país classificou como "muito difícil" a participação no projeto que prevê ligar Campinas-SP-Rio se o leilão for na segunda. A França foi o segundo país a deter a tecnologia, em 1981. Sua fabricante de equipamentos, a Alstom, é a que tem mais trens de alta velocidade em operação no mundo. É investigada por suspeita de pagamento de propina por contratos no Brasil. Com a desistência francesa, o governo fica ainda mais pressionado a tentar conseguir que pelo menos mais um consórcio entre na disputa. Até agora, só o grupo sul-coreano confirma que fará proposta.

Apesar do impasse, o diretor da Agência Nacional de Trans­portes Terrestres (ANTT), Ber­nardo Figueiredo, disse hoje que o leilão do trem-bala, marcado para segunda-feira, está mantido no que depender da agência. Segundo ele, não houve mudanças no edital que justifiquem o aumento de prazos. Para ele, os pedidos de adiamento não são para que apareçam novos investidores, mas para que as empresas pressionem o governo para dar mais benefícios, o que segundo ele não vai acontecer. Ber­nardo afirmou, contudo, que o governo pode decidir pelo adiamento, mas será uma decisão por motivos políticos.

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