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Três razões pelas quais a inflação pode ser menor em 2022

Inflação energia
Energia foi um dos vilões da inflação no ano passado, aponta o IBGE (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

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2021 fechou com uma inflação anual de 10,06%, a maior desde 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi bem superior ao teto da meta do Banco Central, que era de 5,25%, e ao ponto médio das expectativas de mercado em janeiro do ano passado, que era de 3,5%.

Uma série de fatores explica a forte alta: os alimentos e os combustíveis foram impulsionados pela elevação no preço das commodities e pela alta no dólar; a energia ficou mais cara por causa da pior situação hídrica em 91 anos e estímulos à demanda incentivaram o consumo.

Esse cenário não se restringe ao Brasil. A alta nos preços foi mundial. Nos Estados Unidos, os 12 meses encerrados em novembro tiveram inflação de 6,8%, a maior desde junho de 1982, segundo o US Bureau of Labor Statistics. E nos países que formam a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a alta de preços atingiu 5,8%, a maior desde maio de 1996.

Para 2022, no Brasil, a mediana das expectativas de mercado é de 5,03%, segundo o relatório Focus do Banco Central. Alguns fatores ajudam a explicar essa tendência de queda na inflação, ressalta a XP Investimentos: preços mais comportados na alimentação no domicílio; energia e demanda mais contidas pressionando menos os bens industriais; e preços administrados em queda favorecidos pela deflação na energia elétrica.

Mas, o Itaú considera que a inflação deve se manter mais elevada nos três primeiros meses do ano, impactadas por reajustes típicos do período como os ônibus urbanos e as mensalidades escolares. "O movimento ainda é permanente", complementa Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

Uma contribuição para a queda da inflação pode vir dos preços no atacado, que aumentaram 17,7% no ano passado, segundo o IGP-DI, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para este ano, o Bradesco espera uma alta bem menor, refletindo a expectativa de uma safra razoável, o rearranjo das cadeias produtivas globais e a estabilização da demanda chinesa por minério de ferro.

Na contramão vem os serviços, apontam os analistas da XP. Eles consideram que mesmo com a alta nos juros, a desaceleração da atividade econômica e a menor renda disponível, os reajustes serão mais pesados por refletirem a inflação passada.

Outro fator que pode contribuir para a inflação neste ano está ligado à incerteza eleitoral e ao comportamento da taxa de câmbio, apontam economistas do Itaú.

1)   Inflação da alimentação no domicílio mais comportada

A expectativa da corretora é que o grupo alimentação no domicílio tenha uma alta de 4%, ante a de 7,94%, registrada em 2021. “[Ela] é compatível com a leve queda nos preços das commodities agrícolas, taxa de câmbio estável (já em nível bem depreciado) e condições climáticas melhores.”

A XP aponta que este número poderia ser menor, não fossem as preocupações de abastecimento e dos altos custos de fertilizantes e defensivos agrícolas.

Uma fonte de preocupação, entretanto, é a falta de chuva em algumas regiões, provocada pelo fenômeno climático La Niña. Segundo o Itaú BBA, as chuvas foram fracas em dezembro na região Sul e intensas em partes do Nordeste e em áreas como o Centro e o Norte de Minas, Goiás, Pará e na maior parte do Mato Grosso.

“O milho já é impactado pela intensificação da seca e as preocupações agora estão se transferindo para a soja”, apontam os analistas de agronegócio do banco.

2)   Menos surpresas com bens industriais

No caso dos bens industriais, que tiveram uma alta média de 11,3% no ano passado, a XP Investimentos considera que a desaceleração da demanda interna, a normalização na cadeia global de suprimentos e os preços de energia mais estáveis devem contribuir para evitar altas expressivas de preços para o consumidor. A projeção é de uma expansão de 4,8%.

Mas, no momento, segundo o Itaú, a inflação de bens industriais continua pressionada e mostra persistência por causa dos efeitos de gargalos em segmentos como o automotivo e de eletroeletrônicos.

A seguradora de crédito Euler Hermes aponta que as interrupções na cadeia de abastecimento global permanecerão altas até o segundo semestre de 2022, devido aos novos surtos de Covid-19 em todo o mundo, à política contínua de "Covid zero" da China e à volatilidade de demanda e da logística durante o ano novo chinês. A normalização deverá ocorrer a partir do segundo semestre do ano.

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3)   Energia deve segurar alta dos preços administrados

Os preços administrados, outro dos grandes vilões do orçamento doméstico, devem ter uma alta bem menor em comparação a 2021. A corretora projeta um recuo de 17,2% para 5,1%, motivado pela expectativa de deflação em energia elétrica. A projeção é de uma retração de 5% nos preços deste item.

Mas a XP considera que esta queda pode ser ainda maior, se a recomposição dos reservatórios continuar no nível atual. O subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal gerador de energia do país, estava operando no domingo com 31,62% da capacidade, segundo o Operaddor Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

“A inflação da gasolina também deve ser bem menor, dado que os preços correntes já refletem o petróleo e o câmbio em patamares elevados", aponta a corretora. Já as demais tarifas públicas devem continuar com os preços pressionados, uma vez que a maioria delas é reajustada com base na inflação passada.

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