A pior seca dos últimos cinco anos no Paraná forçou os moradores de Renascença, no Paraná, a repetir uma prática muito antiga no comércio: a troca.
Com apenas 7 mil habitantes, os moradores precisam pensar não somente no que vão levar, mas também no que vai ficar no supermercado na hora das compras.
"A última vez que eu paguei o mercado com dinheiro faz mais de seis meses", afirmou o agricultor Jonas Pasquale.
A agricultora Cleunara da Silva trouxe a manteiga que faz para trocar pela farinha e pelo feijão do mês. "Às vezes, eu pego um vale, mostro para as moças do caixa e pego alguma coisa tipo um pote, uma travessa, uma panela, alguma outra coisa que não seja alimento".
E mercadorias trazidas para troca estão em muitas prateleiras. Da manteiga de Dona Cleunara ao queijo colonial ou qualquer outro produto do campo.
"Eu peguei até feijão, Arrumei um balde grande cheio de feijão colonial novo, foi um sucesso a venda do feijão", disse o gerente de supermercado Eloir Dapont.
E nos mercadinhos pequenos, a variedade do escambo é surpreendente. "Gaita velha já ofereceram, cavalo", contou Angelina Salvadego, dona de supermercado.
Animais também são trocados
A troca sempre esteve muito presente no comércio de Renascença, mas nos últimos meses a violenta estiagem mudou um pouco os ingredientes desse negócio. Desapareceram, por exemplo, o milho e o feijão, mas os animais entraram na troca.
A região tem muitos produtores de leite. A seca diminuiu o pasto e as vacas viraram moeda de troca. Em um mercado, existe fila de espera para trazer o gado e levar o rancho. "Cerca de cinco, seis cabeças de gado por semana. Todos são de troca".
O negócio quase sempre é vantajoso para os dois lados. O único problema é que nem todo mundo aceita esse comércio informal.
"Quando vou pagar um boleto, uma coisa assim, tem que ser dinheiro, daí não adianta. Não aceitam vaca, nunca aceitaram por enquanto".
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