A turbulência do mercado financeiro traz impactos ao bolso do investidor. Nos 30 dias encerrados em 19 de junho, apenas sete do 35 tipos de fundos tiveram rentabilidade positiva, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). No acumulado do ano, o desempenho também é ruim, e apenas 13 estão positivos.
O desarranjo no cenário de investimento ficou evidente na semana passada. O Federal Reserve (Fed, banco central americano) sinalizou a retirada dos estímulos para a economia dos EUA já neste ano, o que reduziria a liquidez do mercado. As questões internas também impactam os investimentos. A desconfiança com a política econômica do governo dificulta a retomada dos investimentos das empresas, e consequentemente trava a retomada da Bovespa. Em junho, a bolsa recuou já 14,09%. No ano, a queda é de 24,59%. Na contramão, o dólar acumula alta de 9,71% em junho, e de 9,73% no ano. "Dificilmente alguém consegue escapar desse momento. Há um risco de mercado elevado no Brasil, porque o mercado é muito concentrado. Não tem muito como uma ação escapar (da queda), todo mundo anda juntinho", afirma William Eid, coordenador do Centro de Estudos em Finanças (GVcef) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.
O tombo do mercado acionário, aliás, levou todos os fundos com estratégias definidas em ações a um resultado negativo nos últimos 30 dias, assim como os fundos multimercados. O melhor desempenho entre as aplicações tem sido o do fundo cambial, cujo investimento é em títulos atrelados ao dólar. O momento, sugerem os especialistas, é de paciência. "O investidor tem de evitar movimentos bruscos e uma mudança de portfólios num período de crise. Quem não acompanha o mercado pode escolher um ativo errado", afirmou Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper.
Aperto monetário
O cenário de investimento também foi alterado pelo comportamento dos juros. O aumento da Selic em 0,5 ponto porcentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, surpreendeu a maioria do mercado. O aperto monetário deve continuar por causa do aumento da cotação do dólar e seu impacto na inflação, que já está no teto da meta (6,5%).