Os mercado amanheceram esta quarta-feira em nova turbulência, completando uma semana da venda de ações e depreciação de moedas de países emergentes, em especial o rublo russo, puxado pela desvalorização dos preços do petróleo.
Analistas especulam sobre o impacto dessa conjuntura sobre a economia global, no último dia de reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), e apostam que os gestores da política monetária dos Estados Unidos vão olhar mais para os sinais robustos de recuperação do que para as oscilações dos mercados ações, câmbio e commodities.
Os ativos russos abriram o dia mais uma vez voláteis, apesar dos esforços das autoridades econômicas do país para conter a queda do rublo, no que já está sendo considerada a pior crise financeira desde 1998.
Em alta
A moeda vem sendo negociada em patamares recordes de queda, puxada por um declínio de quase 50% dos preços do petróleo em seis meses. Nesta manhã, no entanto, o rublo abriu em alta, com o anúncio de que o Ministério da Fazenda russo comprou a moeda.
A medida se segue à elevação da taxa básica de juros pelo banco central de 10,5% para 17%. Este ano, o rublo já perdeu 52%.
"Há certamente um pânico nos mercados", avaliou Vitaly Isakov, gerente da Otkritie Asse Management, em Moscou. "O Ministério da Fazenda está enviando um sinal de que vê o rublo seriamente desvalorizado e que, nos níveis atuais, faz sentido vender dólares".
No início da tarde desta quarta-feira (17) em Moscou, o rublo era negociado com alta de 3%, a 65,632 por dólar. Mas o contágio ainda se fazia sentir nos demais mercados.
Na Europa, o índice londrino FTSE 100 foi um dos que mais perdia, recuando 0,8%, no início da tarde. Na Ásia, a queda foi generalizada, refletindo ainda os sinais de debilidade industrial da China. O índice de Xangai perdeu 5,44%, maior recuo desde 2009.
Na quinta-feira, o presidente Vlamidir Putin vai fazer uma esperada entrevista coletiva, num dos piores momentos de seus 15 anos de gestão.
A estabilidade econômica, que alicerçou seu apoio político enfrenta uma crise de confiança, que se traduz na desvalorização do rublo, ao mesmo tempo que o país caminha para a recessão, em meio a sanções políticas adotadas por Estados Unidos e União Europeia (UE), após a anexação da Crimeia e a guerra civil na Ucrânia.
O derretimento do rublo contaminou outras moedas emergentes, como o rand sul-africano e o real brasileiro.
"Com o rublo e o petróleo sendo esmagados, as pessoas querem evitar risco na virada para 2015. O forte movimento de venda é um sentimento comum disse Mike Jarman, estrategista-chefe da H20 Markets.