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A indústria dos bastidores é essencial
Mais importante até que a própria captação, a estrutura para a realização do evento corresponde a cerca de 80% do pacote que uma cidade oferece ao "turista de eventos". Atentas a isso, algumas empresas vêm se especializando nesses segmentos. Algumas delas oferecem o serviço completo, desde a atração até o retorno pós-evento. Para ajudar a reduzir os custos, parte da mão de obra e da infraestrutura é terceirizada. Nos bastidores, cresce a procura, entre outros, por profissionais bilíngues, cozinha de qualidade, intérpretes de libras, técnicos em telecomunicações e consultores em diversas áreas.
Em Foz do Iguaçu, a infraestrutura de recepção não correspondia a 30% do faturamento, mas agora é responsável pela metade das receitas de um dos mais tradicionais hotéis da cidade. Em três anos, o espaço para as palestras e exposições do Rafain Palace Hotel, antes reservado a um salão no 5º andar e a salas menores no subsolo, foi ampliado para um moderno centro de convenções. No total, são mais de 18 mil metros quadrados servidos por geradores de energia, internet e telefonia por fibra óptica, três cozinhas e 18 salas de apoio. No mesmo período foram contratados 35 funcionários. "Antes, o turismo de eventos era visto apenas como uma estratégia para equilibrar o faturamento na baixa temporada, hoje é um setor independente dentro da empresa", explica o gerente de vendas, Cândido Ferreira Neto. (FW)
O que faz um destino ser mais atraente que outro? Por que uma cidadezinha do interior do país consegue abrigar eventos internacionais enquanto uma cidade com aparente potencial não deslancha no setor? Tida em todo o mundo como um dos mais lucrativos e promissores segmentos da economia, a indústria do turismo de eventos e negócios movimenta em todo o país cerca de R$ 40 bilhões por ano e gera mais de 3 milhões de empregos diretos e indiretos.
Atentas a esse lucrativo mercado, cada vez mais cidades brasileiras passaram a figurar como novas opções de destino. Enquanto 22 municípios abrigaram pelo menos um evento internacional em 2004, no ano passado o ranking nacional teve a participação de 48 cidades. O fenômeno é resultado de uma série de fatores que vão desde a profissionalização das ações de captação até a descoberta de diferenciais que possam atrair públicos específicos.
Estar entre os destinos mais procurados pelos congressistas de plantão e permanecer na preferência são estratégias que levam tempo e exigem investimentos altos em segurança, saúde e transporte. Auditórios, centros de convenções e hotéis se somam a outros importantes pontos, como fortes atrativos turísticos, estratégias para a captação de eventos e a parceria público-privada para incluir a cidade na lista de destinos.
Se para algumas o apelo turístico é um fator positivo e por isso já garante parte da estrutura necessária como voos diretos, hotéis qualificados e opções de lazer , ele não é o único item determinante na escolha de um destino para um evento de pequeno, médio ou grande porte. "É preciso potencial, algo que possa despertar o interesse de uma categoria profissional e também envolver o público local. Isso pode ser natural ou construído", aponta o diretor de produtos e destinos da Embratur, Marcelo Pedroso.
Parques nacionais, reservas ecológicas, patrimônios históricos e culturais, polos universitários, um grande empreendimento e centros de referência em saúde são apontados como excelentes elementos de atração. "Quem diria que São Raimundo Nonato, no Piauí, poderia um dia receber um congresso de status internacional?", questiona Pedroso. Vizinha ao Parque da Serra da Capivara, a cidade com pouco mais de 32 mil habitantes reuniu no ano passado dezenas de especialistas e estudantes em arqueologia em um evento internacional na área.
Ao mesmo tempo em que se deve "arrumar a casa", é preciso identificar os setores que possam gerar eventos para a cidade como o próprio governo e as organizações não governamentais e as da iniciativa privada, chegando até aqueles que decidem onde os eventos serão realizados. Uma das categorias é o esporte. Para o Brasil, a estrutura criada para a Copa do Mundo e as Olimpíadas poderá ser usada para atrair outros eventos esportivos em diversas modalidades. A expectativa é de que juntos produzam um impacto de US$ 24,5 bilhões no PIB.
Lugar ao sol
A prova de que a segmentação e a capacitação ajudam a alavancar o turismo de eventos está na evolução do país no levantamento da Associação Internacional de Congressos e Convenções (Icca). Em 2003, o Brasil ocupava a 19.ª posição, com 62 eventos internacionais realizados em 22 cidades. No ano passado, em 7.º lugar, abrigou 293 espalhados por 48 cidades. A preferência pelas mais conhecidas, como as de praia e as capitais, tem dividido espaço com as que apresentam algum diferencial, pulverizando as oportunidades.
No Paraná, se destacam Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá. Nesse mesmo caminho, Ponta Grossa e Cascavel começam a conquistar espaço. "As duas estão investindo em centros de convenções, hotéis, transporte e, o mais importante, na captação profissional de eventos", destaca a presidente estadual da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), Soraya Faouakhiri. "Em maio, Cascavel abrigou um evento de contabilidade com mais de 800 participantes e não ficou devendo em nada para outras cidades."
Apesar da boa colocação, Foz do Iguaçu, 5.ª no ranking nacional, ainda está muito distante de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, primeiras colocadas. De acordo com o vice-presidente do Iguassu Convention & Visitors Bureau, Enio Eidt, é necessário investir em qualificação de profissionais e na atração de mais hotéis de bandeiras internacionais. "A escassez de voos diários, que por muito tempo era um problema, aos poucos está se resolvendo. A posição que a cidade ocupa hoje é resultado de pelo menos dez anos de investimentos em várias áreas."
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