Rio de Janeiro (AG) Nada leva a suspeitar que, bem pertinho de Bruges, a pérola medieval da Bélgica, com vários edifícios datando da época das Cruzadas, fica o coração do futuro dos eletroeletrônicos fabricados pela Philips. Engajada na criação de televisores superpoderosos, ainda mais este ano, em que é patrocinadora oficial da Copa na Alemanha, a empresa holandesa tem no país dois centros de desenvolvimento (leia-se fábricas-piloto, de onde saem as primeiras levas dos lançamentos mundiais): um para televisores gigantescos LCD (com tela de cristal líquido), de mais de 40 polegadas, e outro para controles remotos.
O mote da televisão hoje em dia é crescer, ao contrário do que acontece na indústria da computação, em que as coisas diminuem. A ambição do televisor é substituir o cinema o mesmo cinema infestado de celulares, iPods e congêneres que fazem a delícia de muitos mas atrapalham a fruição do filme na telona. Daí que não foi surpresa ver como carro-chefe da Philips este ano uma gigantesca TV de 42 polegadas circundada por uma barra branca e luminosa. É o modelo-mor da linha de televisores flat que eles chamam de Cineos, feita sob encomenda para ver programas no escuro, ainda mais com a renovada tecnologia Ambilight (a palavra resume o conceito de luz ambiente).
"Sabe quando sua mãe dizia filho, não fica vendo TV no escuro, faz mal aos olhos?", lembra Reim Hintzen, projetista de produtos da Philips. "Pois a Ambilight acaba com isso, permitindo ver TV no escuro sem irritar a vista".
A tecnologia consiste em luzes nos lados do aparelho que acompanham os tons das cenas dos programas. Assim, uma cena de selva será acompanhada por tons de verde, uma de chamas por tons alaranjados e assim por diante. Um software analisa as cenas e dirige as cores. A Ambilight existe desde 2004 e já está presente em TVs flat no Brasil, nos lados direito e esquerdo do televisor.
Mas os novos modelos Cineos, a serem lançados em abril na Europa e em meados do segundo semestre aqui, têm o efeito luminoso em três lados e nos quatro lados, no modelo full-surround. Neste televisor, a barra que rodeia a tela se ilumina, como que deixando a imagem suspensa. As cores dançantes dão uma sensação de imersão na imagem, ainda mais no escuro. As luzes responsáveis por esse balé feérico duram em tese 60 mil horas. Supondo que sejam usadas dez horas por dia, durariam uns 16 anos.
Na verdade, as TVs LCD flat mal parecem TVs; são mais como um quadro na parede do apartamento, misturado à decoração. E é essa a diferença filosófica entre a turma dos eletroeletrônicos e a dos computadores, em que a tecnologia é sempre esfregada na cara do usuário.
"Nós queremos sempre retirar mais da vista do usuário os elementos de hardware e privilegiar a imagem", diz Marcel Godfroy, gerente de produto e marketing da Philips. A aposta nos televisores finíssimos se justifica: segundo Godfroy, 50% do mercado mundial de TVs já é de flats e esse mercado dobra a cada ano, especialmente na Europa. Mesmo com o preço salgado. Um Cineos com tudo em cima sai por 5 mil euros.
Da linha de produção da fábrica-piloto de TVs flat perto de Bruges, sai em média um aparelho a cada 50 segundos. Num ano todo, dependendo das encomendas, a produção pode chegar a 350 mil televisores. Sete por cento da produção são testados in loco.
"Na linha de montagem, os erros já são observados", diz Eric Vangrysperre, gerente de qualidade da fábrica. "Se há alguma falha, o componente é retirado da linha e devidamente analisado. Se o erro se repete, isso serve de base para aperfeiçoar o processo e preveni-lo", garante.
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