A escolha do padrão japonês na implantação do sistema brasileiro de TV digital permitirá alta definição e interatividade, mas não é para já. Foi o que afirmaram especialistas durante debate promovido em Brasília na quarta-feira.

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- A interatividade vem, mas vai demorar alguns anos ainda - disse Carlos Zanatta, da revista Tela Viva.

O professor da Universidade Católica de Brasília, Paulo Marcelo Lopes, destacou o interesse das grandes emissoras em controlar sozinhas a transmissão. Lopes explicou que a transmissão móvel, por telefone celular, será realizada pelas emissoras já conhecidas do público, sem interferência das empresas de telefonia.

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Já na opinião do coordenador geral do Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura, Gustavo Gindre, o conteúdo é a área mais relevante nesse tema.

- Nossa legislação é incapaz de lidar com essa escolha. As leis, de 1962, não servem mais para a realidade de hoje. Além, é claro, que a sociedade não foi, de forma alguma, ouvida - argumentou.

Outro ponto levantado foi a questão das emissoras públicas. Questionado sobre como ficariam com a adoção da tecnologia do Japão, Gindre foi enfático.

- Não ficam, simplesmente. Nada no decreto é claro com relação à situação das emissoras e nem com relação às eventuais concessões de canais que forem criados.

O decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 29 de junho, prevê a adoção da tecnologia japonesa para a mudança da transmissão analógica para a digital. De acordo com o documento, a tecnologia desenvolvida por pesquisadores brasileiros poderá ser agregada ao modelo japonês. O sistema de compressão de vídeo (MPEG-4), o sistema operacional (middleware) e aplicativos (como softwares) seriam alguns exemplos.

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O prazo previsto para que todos os brasileiros tenham acesso ao sinal digital é de sete anos, e para que todas as emissoras se adaptem à nova realidade, e não mais retransmitam em sinal analógico, é de dez anos.