No implacável mercado das redes sociais, a vida é ingrata se você não é Mark Zuckerberg. Sob a sombra do onipresente Facebook, que atinge hoje 1,59 bilhão de usuários no mundo e conquistou uma receita de R$ 17,9 bilhões em 2015, outras plataformas têm penado para convencer usuários e investidores de que ainda são relevantes e podem gerar lucro. No centro das atenções está o Twitter, que chega aos 10 anos mês que vem em meio aos esforços para se distanciar da trajetória de redes como o Orkut ou MySpace.
Infográfico:compare o desempenho das redes sociais
No consolidado de 2015, o Twitter viu seu número de usuários aumentar em 9% e a receita subir 58%, fazendo o prejuízo líquido da empresa fechar o ano em US$ 521 milhões. Os números não seriam tão ruins se vistos isoladamente, mas se tornam tímidos aos olhos dos investidores, diante da rede de Mark Zuckerberg – mesmo que as empresas tenham propostas e perfis de usuários bem diferentes.
Passamos os últimos seis meses reestruturando a organização e nossa equipe de liderança para seguir adiante com maior agilidade e foco. (...) Estamos focados agora no que o Twitter faz melhor: o tempo real. Twitter é ao vivo: comentários ao vivo, conexões ao vivo, conversas ao vivo.
As dificuldades do Twitter ganharam uma maior dimensão com a divulgação de que, no último trimestre de 2015, o número de usuários estacionou em 320 milhões, no mesmo patamar do trimestre anterior. O resultado evidenciou a dificuldade da rede em angariar novos simpatizantes e a resposta veio na Bolsa: hoje, o valor de mercado da empresa é de US$ 11,8 bilhões, a metade de um ano atrás.
A empresa tenta mostrar que pode virar o jogo. Desde julho de volta ao cargo de CEO, o co-fundador do microblog Jack Dorsey fez mudanças internas e implantou novas funcionalidades, que mais causaram estranheza do que empolgação entre os usuários (leia abaixo).“Na tentativa de recuperar receita e público, o Twitter está se deformando, de uma forma que não vai agradar o seu atual usuário heavy user nem aquele que está no Facebook“, afirma a diretora do Grupo Polvo, especialista em marketing digital, Carla Faria Del Valle.
Boa parte dos internautas têm migrado para redes sociais “recém-nascidas”, como Snapchat e o Pinterest, que já valem tanto quanto o Twitter, segundo estimativas. As novas redes, por outro lado, não estão na Bolsa e, assim, não têm a obrigação de divulgar números, fugindo do escrutínio da mídia e dos investidores. O LinkedIn, por exemplo, que fez seu IPO em 2011, também viu suas ações despencarem no início desse mês, o que representou uma perda de mais de US$ 9 bilhões em valor de mercado – isso porque a empresa divulgou que o crescimento da receita publicitária caiu de 56% para 20% no quarto trimestre de 2015, o que fez a rede divulgar uma previsão de receita para 2016 abaixo da prevista por analistas.
“Os casos de Facebook e Google, que conseguiram ser bem sucedidos como negócio devido à publicidade, são dois entre milhares. A chance de outra rede sobreviver por meio de receita publicitária é muito pequena. A grande sacada é buscar formas de se monetizar além disso, por meio de novos negócios, o que vai ser crucial para o Twitter nos próximos anos”, avalia o coordenador dos cursos de Administração e Gestão em TI da Fiap, Claudio Carvajal Jr.