Menos de um mês depois de o prefeito Fernando Haddad (PT) regulamentar o serviço on-line de conexão entre motoristas e passageiros, como o do Uber, novos aplicativos chegam à cidade para competir nesse mercado.
Nesta segunda-feira (6), o Cabify começa a funcionar em São Paulo. Desenvolvido na Espanha, tem motoristas em Portugal, no México, no Chile, no Peru e na Colômbia.
A indiana WillGo também atua no Brasil desde o fim de abril. Seu aplicativo está disponível para celulares com sistema operacional Android.
Cada uma dessas empresas segue uma tabela de preços diferentes da usada por Uber e táxis.
Em comum, WillGo e Cabify deixam claro que não usam o mecanismo de precificação dinâmica adotado pela rival americana, que eleva o preço da corrida conforme a demanda por carros supera a oferta em determinada região.
Segundo o mexicano Ricardo Weder, presidente da Cabify para a América Latina, a transparência nos preços, que são baseados apenas na distância e são informados aos passageiros antes da viagem, é uma das armas da empresa.
A Cabify tem como principal financiadora a multinacional de comércio eletrônico japonesa Rakuten, que liderou um investimento de US$ 120 milhões na companhia em abril.
O valor é uma fração do que o Uber captou. Na semana passada, o aplicativo recebeu investimento de US$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano da Arábia Saudita, o que levou o valor de mercado da empresa a US$ 62,5 bilhões.
Outras apostas da Cabify são o trabalho próximo às prefeituras para discutir políticas que melhorem o ambiente regulatório para o serviço e seus clientes e uma busca por oferecer seleção e treinamento mais rigorosos do que os rivais, diz Weder.
“Entendemos que a tecnologia evolui mais rápido do que a capacidade dos governos de criar políticas públicas. Por isso, mantemos um diálogo próximo para propor novas formas de regulação”, afirma.
Ele diz celebrar o fato de São Paulo ter uma legislação para o setor, mas afirma que ela precisará ser aperfeiçoada para garantir um mercado competitivo, que coíba a formação de monopólios.
Leilão
Sobre esse ponto, Daniel Beloya, que será o responsável pela Cabify no Brasil, diz que o sistema de leilão de créditos para permitir que as empresas desse novo segmento rodem regularmente em São Paulo pode beneficiar a de maior poder econômico.
Pelo sistema criado pela prefeitura, cada quilômetro a ser percorrido em viagens dessas companhias deve ser comprado antecipadamente em um leilão.
Da mesma forma como fazem os aplicativos para chamar táxi 99, Easy Taxi e Wappa, a Cabify promete atuar no mercado corporativo.
Já a WillGo tem ferramenta que permite ao cliente marcar motoristas como favorito, dando liberdade para chamá-lo via app, mesmo que ele esteja distante. A empresa também permite o agendamento prévio das corridas com 48 horas de antecedência.
O usuário tem à disposição cinco categorias de veículos, incluindo carros blindados e motoboys para entregas.
A companhia não cobra comissão dos motoristas por corrida. Em vez disso, tem plano de assinaturas trimestral ou anual pagos por quem trabalha com o app. Eles saem por R$ 500 e R$ 350 por mês, respectivamente.
Nenhuma das empresas informa quantos motoristas estão cadastrados em seus serviços. Weder diz que a Cabify recebeu inscrição de 10 mil interessados em atuar com a empresa, mas não revela quantos foram selecionados.
A WillGo disse estar em operação em São Paulo, em Belo Horizonte, no Rio, em Brasília e em Porto Alegre.
Inimigo número 1
Apesar do mercado competitivo em que está, Weder diz que o principal inimigo de sua empresa não são os táxis nem o Uber. Em vez disso, ele afirma querer desafiar a posse do automóvel.
Nesta batalha, os outros serviços são complementares ao seu, diz. “Não faz sentido ter um carro para que ele fique parado 99% do tempo. E, quanto mais alternativas existirem no mercado, mais barato elas ficarão para o consumidor. Será cada vez mais eficiente usar a tecnologia em vez de ter um carro.”
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