A Uber registrou uma perda de US$ 1,2 bilhão nesta segunda-feira (04), um resultado melhor do que o esperado quase seis meses após sua oferta pública inicial, realizada em maio. A cifra, segundo a companhia, se deve ao crescimento saudável de receita. A perda foi menor do que o déficit de US$ 5,2 bilhões da empresa no segundo trimestre, superando as expectativas dos analistas, apesar de vir antes de uma potencial venda de ações no final desta semana, quando os funcionários poderão começar a vender suas ações.
A empresa está sob crescente pressão para demonstrar sua capacidade de obter lucro, já que a rival Lyft registra perdas reduzidas e números de crescimento acima do esperado meio ano depois do seu IPO. Ainda em maio, a avaliação da Uber foi cortada em um terço desde que foi listada na bolsa de valores por US$ 45. Nesta segunda, as ações da empresa ficaram em torno de US$ 30, caindo nas negociações fora do horário de expediente, provavelmente devido à perda substancial.
O Uber demitiu quase mil funcionários desde a abertura de capital, inclusive em marketing e comunicações, produtos, engenharia e equipes de unidades autônomas e de entrega de refeições. A empresa também mudou o seu foco em pesquisa, passou de intensivo para experimental no desenvolvimento de produtos: um esforço para otimizar seu processo de P&D, acelerando a oferta de soluções, mas em quantidade reduzida.
Enquanto isso, o período de lockup, enquanto há restrições para a venda de ações por parte dos funcionários da empresa, deve provocar alta esta semana, levantando preocupações sobre uma possível corrida para realizar essas opções. A corrida para o mercado - com mais de US$ 20 bilhões em ações repentinamente em jogo - "poderia causar uma avalanche de vendas à medida que investidores e iniciantes chegassem à oferta", uma grande preocupação de Wall Street, disse Dan Ives, analista da Wedbush Securities, em sua previsão de ganhos.
As ações da Lyft subiram na última quarta-feira (30), depois de a empresa anunciar um forte crescimento da receita e uma perda menor em relação ao trimestre anterior. A companhia também revisou suas perspectivas financeiras, com previsão de crescimento acima do esperado, gerando confiança nos investidores - embora o Uber continue sendo o ator dominante no segmento de carona paga.
Analistas esperavam que o Uber tivesse receita mais forte e perda menor, em decorrência dos cortes promovidos após o IPO e de outros esforços para tornar a empresa mais eficiente. Esta semana, eles se concentraram fortemente em saber se a Uber poderia manter dinheiro suficiente disponível para continuar à tona diante de perdas significativas, mesmo que sua participação dominante do mercado lhe dê vantagem sobre a rival - 70% ou mais, de acordo com documentos de IPO de ambas as empresas.
A Uber disse que sua receita aumentou 30% em comparação com a do mesmo trimestre de 2018 e que a empresa encerrou o trimestre com mais caixa, após vendas e investimentos de ativos.