Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Crise das dívidas

UE avalia hoje proposta para taxar bancos e salvar a Grécia

Em protestos, gregos esticaram forcas na frente do Parlamento do país: futuro da dívida da Grécia está nas mãos dos líderes europeus, que se reúnem hoje | Louisa Gouliamaki/AFP
Em protestos, gregos esticaram forcas na frente do Parlamento do país: futuro da dívida da Grécia está nas mãos dos líderes europeus, que se reúnem hoje (Foto: Louisa Gouliamaki/AFP)

Bruxelas - Ontem, na véspera da cúpula que tentará fechar o segundo programa de ajuda para a Grécia em pouco mais de um ano, a Comissão Europeia circulou um menu de propostas que inclui a aplicação de uma taxa sobre todos os bancos da zona do euro.

A arrecadação, estimada em 50 bilhões de euros (R$ 111 bilhões) em cinco anos, seria usada para reduzir a dívida da Grécia, de cerca de 350 bilhões de euros, segundo o jornal Financial Times.

A proposta inclui ainda 71 bilhões de euros em novos empréstimos da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, pelo Fundo Europeu de Estabi­lidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês).

Além disso, credores privados que têm títulos da dívida com vencimento dentro dos próximos oito anos seriam "encorajados" a trocá-los por novos papeis de 30 anos. A troca, estima-se, reduziria o valor da dívida grega em mais 90 bilhões de euros.

Segundo executivos envolvidos nas conversas, o plano final deve conter ou a taxa sobre os bancos ou a troca de títulos, mas não ambos. A decisão sobre qual das duas vai para o lixo está nas mãos da França e da Alemanha.

O presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso, alertou ontem para o risco de contágio caso não se chegue a um acordo.

"Ninguém deve se iludir: a situação é muito grave e exige uma resposta. Do contrário, as consequências negativas serão sentidas em todos os cantos da Europa e mais além", disse.

Também ontem, o presidente Nicolas Sarkozy viajou para Berlim para se encontrar com a chanceler (premier) alemã, Angela Merkel, numa tentativa de fechar um pré-acordo antes da cúpula amanhã, em Bruxelas. Até o fechamento desta edição, não havia sido divulgado um resultado do encontro.

A principal divergência entre os dois países – cujos bancos detêm a maior quantidade de títulos da dívida grega – está no papel que os credores privados devem ter no novo programa. Merkel, por exigência do Parlamento alemão mas também por preocupações de política interna, considera uma "demanda decisiva" que esses credores assumam uma parte significativa da carga e do risco.

Uma das vantagens da proposta de taxar bancos é que tecnicamente evitaria ser caracterizada como calote, diferentemente da imposição de perdas no valor do títulos gregos em poder da banca privada.

Mas Merkel pede outras formas de participação privada. E representantes de instituições na França e na Alemanha também expressaram suas objeções.

Elas afirmam que cada país teria de passar em seus respectivos Legislativos uma nova lei contemplando a taxa, o que levaria tempo.

Regras rígidas

A União Europeia se tornou ontem a primeira região a adotar regras mais rígidas de regulação do sistema bancário para se proteger de uma nova crise financeira como a de 2008. Os bancos europeus precisarão de mais 460 bilhões de euros em capital até 2019.

As novas regras, que obrigam os bancos a aumentar o nível de capital próprio para se proteger mais de crises, estão previstas no acordo de Basileia 3, que regula o sistema financeiro internacional.

As mudanças, que devem ser adotadas de forma gradual, foram decididas pelas principais economias do mundo depois da quebra do Lehman Brothers, em 2008.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.